Ribamar Soares

No Brasil tem mais poetas do que leitores de poesias. Do advogado ao médico, à dona de casa e até aos cineastas, passando, é claro, pela atriz, todos escrevem e empurram-nos seus poeminhas. Por que será que é mais fácil escrever poesia do que ler poesia, fazer arte do que ver arte – paradoxo que só pode implicar rebaixamento de qualidade? É que no mundo do “eu me amo” do narcisismo desvairado, a privatização da existência assumiu proporções tais que o eu constantemente invade o já depauperado espaço do outro. Ser outro hoje em dia é duro, nesse bulevar de vitrines de ego. (...)