O RANGER DA PONTE A MEIA-NOITE.(O CASO QUE PAROU MIRAVILHA)

SINOPSE: “O RANGER DA PONTE A MEIA-NOITE"-(O CASO QUE PAROU MIRAVILHA)

Narrada por Natália, a pedido de sua avó Conceição

Atendendo ao último pedido de sua avó Conceição, Natália decide registrar uma história que há décadas assombra o pequeno lugarejo de Miravilha. É uma história antiga, sussurrada nas esquinas, repetida com medo pelos mais velhos e evitada pelas crianças.

Tudo começou numa tarde nublada, à beira do Riacho do Icatu, onde se erguia uma ponte velha, de madeira podre e parafusos gastos pelo tempo. Três meninos — Tonho, de 15 anos, Zeca, de 13, e Nanico, de apenas 12 — resolveram desafiar o perigo e atravessar aquela ponte condenada.

O primeiro a tentar foi Nanico... e o que se ouviu foi apenas o estalo seco da madeira e o silêncio que se seguiu. Seu corpo nunca foi encontrado.
Zeca, que teve a ideia da travessia, nunca se perdoou. Passou a ouvir a voz de Nanico chamando-o todas as noites, convidando-o para brincar outra vez na ponte velha. Até que uma madrugada, ele não resistiu. Pegou um lampião, saiu escondido... e desapareceu do mesmo jeito. Na manhã seguinte, encontraram apenas seu chapéu e os cacos do lampião espalhados no chão.

Dona Conceição sempre dizia que ninguém jamais soube o que aconteceu naquela ponte, sobre o ponto mais alto do Icatu. Mas quem vive em Miravilha garante:
nas noites de vento, quando o rio murmura, ainda se ouve o ranger da madeira... e as risadas — e choros — de três meninos que nunca mais voltaram pra casa.

E é por isso que até hoje, ninguém atravessa a ponte velha de Miravilha.