Dor Que Morde de Volta

Letra da musica recriada gato preto

Os relógios mentem.
E eu já não acredito em nada que não sangra.
Minhas mãos seguram memórias que queimam,
Enquanto o mundo finge que eu não desabo.

Um gato preto cruza o concreto quebrado,
E eu penso: até ele parece menos sozinho que eu.
Grito abafado na garganta,
Eco volta rindo, como se minha dor fosse piada.

Meu coração racha, vidro fino no impacto,
E a chuva lambe meu pescoço feito fantasma.
Se eu desaparecer em silêncio...
Alguém notaria o vazio que eu deixei?

As paredes me encaram,
Mas talvez sejam só minhas cicatrizes berrando na luz.

E eu caio.
Caio.
Caio.
Entre sonhos mortos, entre lembranças rotas,
Entre tudo que tentei salvar… e falhei.

Mas ainda danço — mesmo quebrado.
Ainda respiro — mesmo rasgado.

Te vi sorrindo, mas era só reflexo torto.
Segurei o nada porque o nada não machuca.
Pessoas machucam.
Silêncios machucam mais ainda.

Minhas palavras se quebram antes de nascer,
O céu cinza cai sobre mim como sentença.
E eu também sou cinza.
E dói ser parte da mesma cor do mundo.

E eu caio, mas rio —
Porque às vezes a dor é tão grande que vira ironia.
Minha cor é luar sujo de carvão.
Meu som é o barulho de um coração que teima em viver.

A tempestade cai sobre o que restou de mim,
E os gritos que carrego arranham por dentro.
O chão racha, mas não me leva.
Eu fico.
Eu luto.
Eu insisto.

Quando o escuro tenta arrancar meu ar,
Eu encaro, mesmo tremendo.
Fecho os olhos, não pra fugir —
Mas pra deixar meu grito nascer.

Corre, coração! Rasga essa prisão!
Urra mais alto que a escuridão!
Se eu quebrar, eu volto.
Se eu cair, eu levanto.
A dor não manda em mim.

Minhas cicatrizes ardem, mas me lembram:
Eu sobrevivo ao que me destrói.
Na tempestade eu caí,
No silêncio eu renasci.

Corre, coração — não cala!
Mesmo sangrando, grita mais forte que o mundo.
Sou feito de dor e fogo,
E mesmo despedaçado…
EU ME LEVANTO.

Minha dor não vai me vencer.
Nunca mais