Série Música do Teatro de Revista (07) | Margarida Max

A atriz-cantora Margarida Max (1902-1956) atuou com enorme êxito no teatro de revista durante os anos de 1920 e 1930. Foi casada com Marcel Klass, cantor, professor de técnica vocal e também colaborador do teatro musicado. Além de artista, foi também empresária, criadora da Companhia Margarida Max de teatro de revistas.

Em 1924, estrelou o espetáculo À la Garçonne, no Teatro Recreio, cuja boa receptividade lhe assegurou mais de trezentas encenações consecutivas. O romance La Garçonne, de Victor Margueritte (1922), foi traduzido e lançado no Brasil com o título de A Emancipada. A obra apresentava os hábitos de vida despojados de uma aluna da Universidade de Sorbonne, a qual usava cabelos curtos, pouca maquiagem, camisa, gravata e outros itens do universo masculino; o tema da revista, que não faz mais espécie nos dias de hoje, gerou enorme escândalo na época. A revista foi levada a várias cidades do Brasil. As moças das capitais e do interior, por muito tempo, adotaram, sem restrições, este corte bem aparado, à altura da nuca. Em 1927, em Portugal, Beatriz Costa, seguindo o exemplo de Margarida Max, também cortou suas
madeixas e inaugurou a moda da franja, no além-mar.

Fato interessante é o de que até a estreia de À la Garçonne, em 1924, o nu artístico resumia-se apenas a mostrar as pernas de fora. No quadro Sol Indiscreto, a banhista Manoela Matheus tirou a parte de cima do maiô e mostrou os seios numa cena de praia.

Margarida Max foi apontada pela crítica como a melhor atriz do ano. Viera da comédia e era dotada de belíssima voz. Iniciava aí uma carreira brilhante de supervedete do teatro de revista. Esse sucesso criou uma rivalidade com Otília Amorim. Durante alguns anos, as duas competiam pela preferência do público. A imprensa e os empresários colocavam mais lenha nessa fogueira de disputas.

O presente fonograma é o samba Por que foi?, de Luiz Iglésias e Pedro de Sá Pereira, gravado em 1929, com o acompanhamento da Orquestra Pan American.

Referências:

PAIVA, Salvyano Cavalcanti de. Viva o rebolado: vida e morte do teatro de revista brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

VENEZIANO, Neyde. O sistema vedete. In: Repertório, Salvador, n. 17, p. 58-70, 2011.2.