Por que o litoral da Noruega é tão complexo?

Um pouco do roteiro:
Existem pelo menos 60 países maiores do que a Noruega.
Porém, somente o Canadá tem uma costa maior…
Se observarmos o mapa mundi no geral podemos ver que os Estados Unidos, a Rússia ou a Austrália devem ter costas muito maiores e mais extensas do que a Noruega….
Certo? Na verdade, isso não é tão simples assim!
Mas por que o litoral da Noruega é tão grande e como ele pode estar envolvido em um fenômeno que desafia todos os sistemas de medição?
A Noruega possui o então chamado de Paradoxo da linha costeira!
Um fenômeno que começou a ser estudado há apenas algumas décadas atrás, porém ele sempre existiu.
Para obter dados precisos é necessário ordenar os países por área.
A Rússia é um dos maiores.
Na África, por exemplo, o país que conta com a maior costa é a Argélia.
Mas se quisermos saber exatamente qual é a extensão da costa de um país, não é tão simples quanto olhar em um mapa.
Existem dois fatores muito importantes aqui, para levar em consideração esses dados.
As medidas oficiais vêm de organizações mundiais dedicadas a esse tipo de trabalho, uma delas é The World Factbook e a outra é a World Resources Institute.
As duas organizações concordam que o Canadá tem o maior litoral do mundo.
E isso é fácil de ser entendido, ao olharmos para o Arquipélago Ártico.
Porém uma das organizações afirma que o Canadá possui uma costa de 202.080 Km
E a outra afirma que são na verdade 265.523 Km
Uma diferença de mais de 63 mil km
E essas diferenças ficam cada vez maiores quando olhamos para o Brasil, Estados Unidos e Chile.
Mas se as duas organizações usam os mesmos meios e os mesmos cálculos, por que os litorais possuem uma diferença tão grande nos seus tamanhos?
Por que as medições não são precisas?
A primeira pessoa a se fazer essa pergunta foi esse homem “Benoit Mandelbrot”
Em 1967 ele produziu um artigo chamado de: “O quão longa é a costa da Grã Bretanha.”
Ele percebeu que nenhum modelo era seguido. E criou a sua própria solução.
A lógica por trás da solução desse matemático foi a seguinte, se precisamos medir algo de um tamanho alcançável como a frente de uma casa.
Podemos fazer isso com uma trena ou uma régua.
Afinal é uma superfície reta.
Porém se quisermos medir algo irregular, precisamos usar outra técnica.
Seguindo o exemplo do matemático, se quisermos medir um ganho de uma árvore, podemos colocar a régua em cada parte e ir medindo, porém o resultado nunca será exato.
É importante dizer que nesse exemplo da árvore, quanto menor a régua melhor o resultado real da medição.
Pois é mais fácil ganhar mais precisão usando um dispositivo com o tamanho mais adequado.
E usando essa lógica as costas dos países são terrenos irregulares, e enormes.
Se fosse possível medir um país com uma régua gigante seria necessário fazer da seguinte forma:
Ligando pontos a volta do país até descobrir qual é a área total. “2 mil Km”
Porém se reduzirmos essa régua pela metade e mudarmos novamente ligando os pontos veja como fica o resultado:
Agora é possível ligar muito mais pontos e a linha fica com quase o dobro do tamanho original, resultando em: “3.500 km”
Mas agora é que o sistema se quebra completamente.
Usando uma régua com a metade do tamanho dessa ou seja ¼ da primeira régua.
O número de pontos fica tão grande que a costa passa a ter mais de 5 mil km.
E é claro que não podemos esquecer de pequenos detalhes geográficos que estão fora dessa medição do nosso exemplo.
E foi pensando inicialmente que: Quanto menor a distância entre os pontos e quanto mais a quantidade de pontos, mais precisa seria a medição e mais próximo do número real.
Para o matemático que escreveu esse artigo, isso não faz o menor sentido, pois poderiam continuar reduzindo a medição infinitamente.
Pois a natureza não segue as formas geométricas exatas.
E em uma medição muito detalhada seria possível encontrar um tamanho descomunal.
Após publicar esse artigo, alguns anos se passaram e o matemático mais uma vez abalou o mundo com seus pensamentos.
Dessa vez apresentando os fractais.
Essas são figuras que rompem completamente a lógica geométrica que estamos acostumados.
Essas são as formas fractais que vemos na natureza e em algumas obras de arte.
O sistema fractal é natural e está presente em tudo no universo, como na forma dos raios, no nosso sistema circulatório, nas nuvens, nas folhas de uma árvore e até nos pequenos flocos de neve.
Praticamente tudo que é natural no mundo, conta com um sistema fractal.
Além do seu aspecto agradável, as formas fractais tem como principal conceito serem auto similares.
Ou seja, por mais que ele seja dividido, ele ainda se assemelha com o original.

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