Alcione - Mangueira é mãe (ft. Marcelo Falcão)

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"De tudo que eu gosto". Nenhum outro nome poderia ser mais preciso para este novo trabalho de Alcione pela Indie Records. A Marrom vive um momento especial em sua carreira e sabe usufruir disso em favor de sua obra. Já são 32 anos de estrada desde que estreou em LP com "A voz do samba", de 1975 - antes tinha gravado apenas um compacto simples.

Dispensável falar de sua voz, cada vez mais ímpar, cada vez mais certeira. Dispensável também lembrar que ela é uma das raras artistas da música brasileira realmente populares, por isso o sucesso cola nela desse jeito. E parece ter ficado de lado o papo batido de que deveria cantar apenas samba, ou que deveria deixar de interpretar suas canções românticas. Alcione é muitas. É o que é por nunca ter feito concessão, por nunca ter ouvido o que dizem os que se julgam donos do bom gosto. Por isso pode gravar "de tudo que ela gosta". E este é o grande barato deste novo trabalho.

"Mangueira é Mãe" é um samba delicioso, com uma síncope diferente e participações especiais de Marcelo Falcão, do Rappa - muito à vontade no diálogo com a sambista - e Serginho Meriti, um dos grandes compositores da atualidade e parceiro de Claudinho Guimarães na música. Sente só: "Tô aqui no pé da ladeira/ De frente pro morro da Mangueira/ No trailer da mina, tô quase na esquina do Buraco Quente/ Embaixo do viaduto, como tem gente/ Gente que fica de zoeira/ No samba, no baile a noite inteira/ Que sai de manhã com um sorriso lindo, largo, que não tem tamanho/ Pra quem tem juízo, Mangueira é uma mãe". Demais.