Fernando Pessoa, O Guardador de Rebanhos

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"O Guardador de Rebanhos" é uma das obras mais emblemáticas da poesia de Fernando Pessoa, atribuída ao seu heterônimo Alberto Caeiro. Publicada pela primeira vez em 1925 na revista Athena (exceto um poema), esta coleção de 49 poemas representa o surgimento de Caeiro como o "mestre" dos heterônimos pessoanos, caracterizado por uma visão simples, natural e anti-metafísica do mundo.
Caeiro, retratado como um camponês iletrado e guardador de rebanhos, rejeita qualquer abstração filosófica ou religiosa, enfatizando a importância das sensações puras e diretas. Seus poemas celebram a natureza como a única realidade verdadeira, sem interpretações simbólicas ou transcendentais – "Há metafísica bastante em não pensar em nada", como exemplifica um dos versos famosos. O tom é sereno, pagão e objetivo, com uma linguagem clara e despojada, que reflete uma harmonia instintiva com o universo visível e tátil.
Essa obra marca o sensationismo de Pessoa, influenciando outros heterônimos como Ricardo Reis e Álvaro de Campos. É uma crítica à intelectualização excessiva da vida, propondo uma existência baseada no "ver" e "sentir" imediato, sem questionamentos profundos. Considerada leitura essencial na literatura portuguesa, "O Guardador de Rebanhos" explora temas como a efemeridade da existência, a beleza do cotidiano rural e a liberdade encontrada nos limites da percepção sensorial, tornando-se um pilar do modernismo lusitano.