Hyndia e os Índios | HyndiaTV by Rita Pereira

Não é surpresa para ninguém que a cultura indígena me fascina. O próprio nome deste canal foi inspirado nessa cultura e conhecer de perto estes povos era um sonho antigo que agora se tornou realidade e foi, sem sombra de dúvida, uma experiência que me tocou profundamente. Senti que as histórias que inventava em pequena sobre a vida dos índios, de repente saíram da minha cabeça para a realidade.

No parque indígena do Xingu, tive oportunidade de ser apresentada à tribo Kisêdjê. Tribo esta que apenas nos recebeu por irmos acompanhados pelo ISA que os ajuda diariamente na preservação das suas terras e em todas as suas necessidades. Dos Kisêdjê fiquei a conhecer algumas danças, cantos e rituais. Tivemos a sorte de eles estarem a construir uma nova "casa" e daí apanharmos estes rituais, sim, não foram feitos apenas para nosso entretenimento. Fiquei encantada com as coroas de penas (trouxe uma comigo claro!) e as pinturas corporais. Quando cada um de nós se apresentou à tribo, contei-lhes o meu fascínio por índios, eles acharam imensa graça e convidaram-me a fazer parte de um ritual. Pintaram-me, encheram-se de colares de missangas feitos por eles e ensinaram a os passos das suas danças. Confesso que só não chorei por vergonha de parecer ridícula, mas a cada linha que me desenhavam no corpo, uma lágrima de felicidade queria cair-me no rosto. Foi tão mágico, tão emocionante. A Inês Mendes da Silva levava as mãos à cabeça com medo que a tinta demorasse demasiados dias a sair pois eu tinha uma campanha para fotografar 7 dias depois. Eu nem quis saber, "Pintem-me, pintei-me dos pés à cabeça, eu quero viver isto, eu preciso de sentir isto". E assim foi, dos pés à cabeça. Senti-me um bocadinho deles naquele momento. Tão bom.

Dançamos, sorrimos, aprendemos. Conversamos durante 5 horas sobre as necessidades daquela tribo, sobre a mensagem que eles queriam passar aos "brancos", como nos chamavam, sobre o que nós poderíamos fazer para que eles continuassem a existir. Sim, está nas nossas mãos, na maneira como nós "os brancos" cuidamos da natureza, a sobrevivência daquela e de todas as tribos da Amazónia.

Ao almoço grelharam peixe acabadinho de apanhar, acompanhado de beiju (tapioca) e partilhámos todos do mesmo prato. Até isso foi especial. A partilha sem olhar a meios e com todo o coração e amabilidade.

No final, quando ia a caminho da avioneta para regressar à minha realidade, uma indiazinha correu atrás de mim gritando de longe o meu nome (nem queria acreditar que ela tinha memorizado o meu nome). Esperei por ela. Vinha com um colar e duas pulseiras ,feitas por ela, que me colocou e disse: "obrigada e volta". Aí sim, chorei, de felicidade claro, e guardarei este momento para sempre, até ao meu regresso.

Foi assim o meu dia em que pude deixar-me sonhar e imaginar que vivia no meio de uma tribo, na floresta Amazónica, rodeada de felicidade.
Infelizmente nas últimas décadas os Kisêdjê e outras tribos da Amazónia têm visto partes da floresta serem dizimadas e é aí que todos podemos ajudar. Fazendo a nossa parte no apoio à reflorestação e o nosso melhor para a manutenção do meio ambiente.
Parece-nos distante esta realidade, mas a floresta Amazónica representa mais da metade das florestas tropicais do nosso planeta e é por isso um tesouro que temos a sorte de ter mas que também, tal como os índios, temos que encarar como sagrado e lutar para que se mantenha intacto.

Resumir a minha visita a Xingu é difícil, mas posso dizer que o mais fascinante foi perceber que uma sociedade tão diferente e distante tem valores tão transversais à nossa cultura.
O amor, o conforto da família, a harmonia com a natureza, o partilhar de uma refeição, a generosidade, o dar sem querer nada em troca, são estas coisas simples que tornam a vida especial em qualquer lugar do mundo.

----

Não se esqueçam de subscrever o canal e de manterem as notificações activas, para serem os primeiros a ver os vídeos novos.

Também me podem encontrar em:
https://hyndia.tv/
FACEBOOK   / ritapereira.pt  
INSTAGRAM   / hyndia