Reflexão: Boa Nova de Jesus Cristo segundo S. Mateus 8,5-11 / 2ª-feira, 1ª semana do Advento

Reflexão – Boa Nova de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,5-11
2ª-feira da 1ª semana do Tempo do Advento

O Advento sempre foi esse tempo em que o futuro de Deus irrompe no presente humano, abrindo frestas no mundo velho para que algo novo possa nascer. E Mateus 8,5-11, proclamado hoje, nos coloca diante de um encontro que desestabiliza fronteiras, derruba certezas e revela um Deus que chega pelos caminhos menos esperados.

O Centurião de Cafarnaum — símbolo vivo da máquina imperial — aproxima-se de Jesus não com imposição, mas com súplica. É o dominador que reconhece seus limites; é o opressor que rompe a lógica da dominação para pedir vida para outro. Sua fé desarma qualquer pretensão religiosa de controle, qualquer sistema que transforme Deus em propriedade privada.

Quando ele diz “Senhor”, o título explode em sentido: na boca de um romano, é ruptura política; na boca de um buscador, é ato teológico. Ele reconhece que o poder verdadeiro não é o que controla pela força, mas o que cria vida pela Palavra. Por isso, basta uma palavra — não ritual, não presença física, não espetáculo. A graça opera no silêncio.

Jesus se maravilha. E o que maravilha Jesus não é perfeição religiosa, mas confiança radical. A fé do Centurião anuncia um Advento que desmonta muros, que acolhe os que vêm do Oriente e do Ocidente, que abre a mesa universal onde Abraão, Isaac e Jacó esperam por todos os povos. É o Advento que denuncia a fé como show, a teologia da prosperidade, o clericalismo que privatiza Deus, e todo uso político da religião.

O Centurião nos ensina a fé do Advento: humilde, vulnerável, descentrada de si, aberta ao Deus que chega de forma inesperada. A fé que não exige prova, não busca vantagens, não transforma Jesus em amuleto. Apenas confia.

Que hoje, como ele, possamos dizer:
“Senhor, não sou digno… mas basta uma palavra.”

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