Delegado ESPANCOU uma VELHA CADUCA por se intrometer na prisão — e Lampião acertou as contas

Delegado Antônio Rabelo trinta e oito anos ombros largos mãos grandes como pás acertou rosto Dona Joana setenta e dois anos quarenta quilos curvada de carregar água na cabeça com tanta força que velha voou dois metros antes de cair no chão pedra delegacia Patos Paraíba terça 23 agosto 1928 meio-dia, cabeça batendo contra chão com som que nunca sai da memória de quem ouve, na frente de quinze testemunhas que não fizeram nada porque era autoridade máxima cidade. Três semanas antes Pedro Magro neto dezenove anos ajudante pedreiro bebera três doses cachaça venda Seu Raimundo quando Sargento Macedo braço direito delegado baixo atarracado olhos cobra parou na frente acusando "TÁ PERTURBANDO ORDEM PÚBLICA FAZENDO BADERNA DESRESPEITANDO AUTORIDADE", arrastou rapaz pela rua até delegacia aplicando tapa que fez boca sangrar enquanto Dona Joana correu quatro quadras com pernas tremendo coração batendo forte exigindo "SOLTA MEU NETO ELE NÃO FEZ NADA", mas Rabelo fumando charuto importado lendo jornal velho respondeu "Se prenderam tinha motivo meus homens não prendem inocente" até velha insistir "É MEU SANGUE FILHO DA MINHA FILHA QUE MORREU DE PARTO" momento em que delegado se levantou um metro noventa usando altura tamanho peso intimidar antes de dar tapa com força total cem quilos que fez Joana voar literalmente pés saindo do chão corpo magro atravessando dois metros ar antes cair de costas, cabeça batendo chão, ficando imóvel olhos fechados fio sangue escorrendo canto boca e orelha pernas ângulo estranho. Curandeiro Seu Gonçalo examinou declarou "bateu cabeça muito forte inchaço grande pode acordar pode não e se acordar pode não voltar direito", três dias depois Joana abriu olhos mas estava cega e demente olhando teto sem ver nada falando com mortos de vinte anos atrás chamando filha falecida marido morto 1915. Mensagem chegou Lampião acampado Serra Teixeira depois corrente cautela: Dona Maria falou Zé Pimenta que falou primo Teixeira que falou tropeiro que falou vaqueiro conhecia trilhas serra, quando Antônio Boca-Torta contou "delegado bateu velha setenta anos defendendo neto ela voou caiu bateu cabeça perdeu juízo ficou cega quinze testemunhas viram" Lampião ficou silêncio absoluto tempo surpreendentemente longo antes mandar "Bater mulher já covardia bater velha covardia dobrada mas bater velha defendendo neto pedindo justiça isso não nem gente é bicho bicho doente e bicho doente a gente não cura a gente abate". Treze cangaceiros cavalgaram três dias até Patos, invadiram delegacia madrugada 14 setembro soltando quatro presos, foram casa branca grade verde Rua Comércio batendo porta fingindo Polícia Federal até Rabelo abrir de ceroulas camiseta vendo rifle vendo rosto Lampião entendendo tudo num segundo, sendo forçado ajoelhar repetir alto "EU SOU COVARDE EU BATI VELHA INDEFESA SETENTA ANOS EU TIREI JUÍZO DELA EU TIREI VISÃO DELA EU SOU PIOR ESPÉCIE SER HUMANO QUE EXISTE" antes de Capitão decretar "O que você tirou dela eu vou tirar de você é justiça justiça do sertão", entregando Rabelo mesmo destino Dona Joana: escuridão absoluta silêncio eterno, cego surdo pelo resto vida dependendo esposa tudo durante dezenove anos até morrer 1947 sem nunca mais ver rosto filhos nem ouvir voz alguma. Dona Joana morreu três anos depois ainda sentada cadeira balanço olhando parede não conseguia ver presa dentro própria cabeça, mas todo 14 setembro até morrer velho oitenta três anos Pedro Magro acendia duas velas janela: uma pra avó pedindo Deus cuidasse céu outra pra Lampião agradecendo justiça que nenhum juiz nenhum delegado nenhuma lei tinha dado.

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