Estimul(ação) | Coletividade | EP05

Como o ambiente modifica o nosso cérebro?
Até agora aprendemos que a evolução da vida na terra está pautada pelas possibilidades de interação que os organismos vivos possuem com o ambiente. E com as coletividades com as quais convivem. E que nesse sentido o nosso cérebro evoluiu como uma das máquinas mais refinadas de tradução dos estímulos advindos do ambiente;

Precisamos ter em mente como esse processo de modificação ou evolução do cérebro ainda não parou. E se dá mesmo no transcorrer de uma vida, como vimos no episódio passado. No episódio de hoje: a estimulação das capacidades cerebrais. A estimulação das capacidades cerebrais diz respeito ao fenômeno da plasticidade cerebral. É preciso que compreendamos a existência deste órgão fundamental que é o cérebro e do sistema nervoso como um todo, como um sistema que se modifica de maneira constante no decorrer de uma vida. Tudo o que aprendemos do mundo, na verdade são formas de codificarmos as informações do ambiente. Estamos fazendo isso o tempo todo!
Assim como todo o nosso corpo se modifica trazendo as marcas, as cicatrizes e as beneficies de um bom uso, nosso cérebro e sistema nervoso se moldam constantemente às experiências de vida. A esse ponto ligamos diretamente a qualidade destas modificações do SN à qualidade dos estímulos recebidos a partir da interação com o ambiente material.
Diferentemente do que se pensava, o sistema nervoso, desde sua pequena porção celular – o neurônio – até as grandes redes sinápticas, está em constante alteração e transformação morfológica e fisiológica. Se constitui a partir do ambiente. Somos, portanto, organismos em constante modificação. As capacidades mais básicas de nossa cognição e a qualidade com que estas capacidades se manifestam estão atreladas à experiencia que cada um tem em relação ao ambiente e aos demais,
Há uma relação entre cognição e a qualidade dos estímulos;
Isso se equivale a dizer que se um indivíduo tiver boas condições materiais de se manter em seu cotidiano, desde boa alimentação a uma atenção afetuosa dos pais, tenderá a construir padrões de comportamentos distintos daqueles indivíduos que não tiveram as mesmas condições materiais de vida. Uma criança alimentada vai ter melhor capacidade de se desenvolver. Uma criança que tem carinho, atenção, vai ter mais capacidade de se desenvolver.
Existe, portanto uma correlação entre a qualidade desses estímulos externos recebidos pelo ambiente e padrões de comportamentos específicos como a utilização da linguagem ou como se dão as respostas corporais a determinadas conjunturas culturais e uma série de outras situações. Neurobiologicamente, somos fruto do ambiente
Um outro exemplo desse fenômeno de plasticidade se dá através das práticas da fisioterapia; através de uma estimulação externa devida, com exercícios e a interação com uma série de aparelhos pode se dar a recuperação de redes sinápticas lesionadas por (AVC), por exemplo. O AVC lesiona as redes, os exercícios, estímulos as reconstroem. As sequelas desaparecem ou se atenuam. Nos casos em que as redes possibilitam essa recuperação. Recebendo os estímulos externos necessários podemos observar a recuperação de capacidades físicas em função da recuperação das redes neurais danificadas. Desde o ponto de vista PSICOLÓGICO, subjetivo e até mesmo muscular do nosso organismo dependemos das condições dessas redes sinápticas que se moldam conforme a estimulação;
As redes sinápticas vão definir os padrões de comportamento. Somos fruto, portanto, de uma série de episódios de estimulação que se dão durante uma vida, como as hienas e as sociedades primatas. No âmbito neurobiológico um aprendizado novo se traduz pela construção de ligações entre neurônios chamadas sinapses.
Estímulos externos = aprendizado = se traduz pela formação de redes sinápticas.

Logo precisamos compreender que toda nossa história se desenrola através dessas relações entre o organismo biológico que constitui nosso corpo e estímulos exteriores que nos chegam do ambiente e dos demais seres que nos rodeiam;
Lembrando que a coletividade, esse fenômeno da ligação natural entre os seres, é na verdade uma característica biológica da nossa e de outras espécies, como as bactérias e os macaca niga da indonésia. Já a nossa cultura é na verdade um produto dessas interações que se manifesta de diferentes maneiras nas diferentes civilizações do mundo. Interações que se traduzem pela formação de redes sinápticas. Então precisamos pensar essa continuidade que existe entre biologia e a cultura para conseguirmos compreender o real papel da nossa grande comunidade humana. E é isso que estamos tentando fazer aqui nessa série de vídeos.