Luís Miguel Cintra - "Canção V", de Luís de Camões
Автор: quixote1615
Загружено: 2012-06-21
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Do álbum "Luís de Camões: 10 Canções ditas por Luís Miguel Cintra" (1995).
Canção I: • Luís Miguel Cintra - "Canção I", de Luís d...
Canção II: • Luís Miguel Cintra - "Canção II", de Luís ...
Canção III: • Luís Miguel Cintra - "Canção III", de Luís...
Canção IV: • Luís Miguel Cintra - "Canção IV", de Luís ...
Canção VI: • Luís Miguel Cintra - "Canção VI", de Luís ...
Canção VII: • Luís Miguel Cintra - "Canção VII", de Luís...
Canção VIII: • Luís Miguel Cintra - "Canção VIII", de Luí...
Canção IX: • Luís Miguel Cintra - "Canção IX", de Luís ...
Canção X: • Luís Miguel Cintra - "Canção X", de Luís d...
CANÇÃO V
Se este meu pensamento,
como é, doce e suave,
de alma pudesse vir gritando fora,
mostrando seu tormento
cruel, áspero e grave,
diante de vós só, minha Senhora,
pudera ser que agora
o vosso peito duro
tornara manso e brando.
E eu que sempre ando
pássaro solitário, humilde, escuro,
tornado um cisne puro,
brando e sonoro pelo ar voando,
com canto manifesto,
pintara meu tormento e vosso gesto.
Pintara os olhos belos
que trazem nas meninas
o Menino que os seus neles cegou;
e os dourados cabelos
em tranças de ouro finas
a quem o Sol seus raios abaixou;
a testa que ordenou
Natura tão fermosa;
o bem proporcionado
nariz, lindo, afilado,
que a cada parte tem a fresca rosa;
a boca graciosa
— que querê-la louvar é escusado —,
enfim, é um tesouro:
os dentes, perlas; as palavras, ouro.
Vira-se claramente,
ó Dama delicada,
que em vós se esmerou a Natureza;
e eu, de gente em gente,
trouxera trasladada
em meu tormento vossa gentileza.
Somente a aspereza
de vossa condição,
Senhora, não dissera,
por que se não soubera
que em vós podia haver algum senão.
E se alguém, com razão,
«Porque morres?» dissera, respondera:
«Mouro porque é tão bela
que inda não sou pera morrer por ela».
E se pola ventura,
Dama, vos ofendesse,
escrevendo de vós o que não sento,
e vossa fermosura
tão baixo não descesse
que a alcançasse um baixo entendimento,
seria o fundamento
daquilo que cantasse
todo de puro amor,
por que vosso louvor
em figura de mágoas se mostrasse.
E onde se julgasse
a causa pelo efeito, minha dor
diria ali sem medo:
«quem me sentir verá de quem procedo».
Então amostraria
os olhos saudosos,
o suspirar que a alma traz consigo,
a fingida alegria,
os passos vagarosos,
o falar, o esquecer-me do que digo;
um pelejar comigo,
e logo desculpar-me;
um recear, ousando;
andar meu bem buscando,
e de poder achá-lo acovardar-me;
enfim, averiguar-me
que o fim de tudo quanto estou falando
são lágrimas e amores;
são vossas isenções e minhas dores.
Mas quem terá, Senhora,
palavras com que iguale
com vossa fermosura minha pena;
que em doce voz de fora
aquela glória fale
que dentro na minha alma Amor ordena?
Não pode tão pequena
força de engenho humano
com carga tão pesada,
se não for ajudada
dum piadoso olhar, dum doce engano
que, fazendo-me o dano
tão deleitoso e a dor tão moderada,
que enfim se convertesse
nos gostos dos louvores que escrevesse.
Canção, não digas mais;
e se teus versos à pena vêm pequenos,
não queiram de ti mais,
que dirás menos.
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