A cruz dos degolados. 3° Parador da Poesia Crioula - Bagé.
Автор: Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Загружено: 2025-11-15
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A Cruz dos Degolados
Poema: Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Declamador: Elmes Felipe Carvalho
Amadrinhador: Carlos Santos
Solitária na curva do caminho,
a cruz ostenta o lenço maragato.
Evoca um silêncio de retrato,
na Picada de São Martinho.
Não possui a coroa de espinhos,
na rota do massacre sem igual,
Volta da Capoeira... no perau,
e exprime a herança dos avós,
acordes de uma trilogia atroz,
batidas sincopadas de funeral.
A cruz ao largo da estrada,
doze vítimas em reminiscências,
heróis da nossa querência,
sopro de brisa na madrugada,
ecos dos brados na voz calada,
de vida, morte e traição.
Distante a intolerante mão...
Derrama o sangue na garganta,
o taura inerte não se levanta,
assassinado... prostrado ao chão!
Longínquo o reverso da intriga,
na cor do lenço o respaldo amigo,
o nó quadrado, a forma do abrigo.
São versos que a melodia irriga.
No ferro branco é bom de briga!
Expressa ciente a sina maragata,
nos campos, nas várzeas e matas.
Rincão de caudilhos em valentia,
no andejar das noites e dos dias,
o sangue encharca o fio da faca.
Na vasta pampa verdejante,
adagas tilintam fachos de luz,
nas orações da solitária cruz,
o passado dos combatentes,
bravos de almas reluzentes,
espelho de coragem e guerra,
encarnado de canto e serra,
Testemunhas quietas da história.
São tauras cobertos de glórias,
no desejo de paz nesta terra.
Há tijolos na Cruz dos Degolados!
E cimento na força que estampa.
O vermelho do sangue na garanta,
ecoam a dor dos gritos abafados,
um facão sem cabo abandonado,
no moroso corredor da estrada,
na sombra da tarde a emboscada,
o brio e bravura destemida,
imponente a cruz ali erguida,
guardiã das noites enluaradas.
Traços e traumas da trajetória,
herança de um povo ousado.
Incandescente manto colorado,
nas páginas amarelas de memória,
e singra na cor do lenço a vitória.
A Cruz dos Degolados: um monumento!
No vigor do percurso: um tormento!
Ao som de uma melodia triste,
morna melancolia que persiste,
pañuelo rojo... que flana ao vento.
Na lamuriosa tarde caminheira,
ao longe as notas de um violino...
Lembra os heróis e os destinos,
no mundo maula e sem porteira.
Sangue na jornada estradeira,
semeando versos reincidentes,
germinem corações e mentes,
e floresçam valores e encantos.
E que não haja futuros prantos.
Pelas gargantas da nossa gente.
No lento trotear dos anos,
a silhueta da cruz nas orações,
nas invernadas e nos galpões,
revendo o mundo veterano,
cada gaucho... um paysano.
Maragatos no encanto celestial,
quando brota a rosa no quintal.
Transbordam ruídos da natureza,
uma imagem singela de pureza...
pousa na cruz... um cardeal!
A jornada segue inclemente,
nos versos que trazem evidência,
dos que rogaram clemência.
diante do facho de sol-poente,
a razão, neste caso, é ausente,
a história é trágica e crua,
nas asas do pensamento flutua,
um farol na trilha do andante,
A cruz altera cada semblante.
Um vulto no clarão da luz da lua.
Neste lugar mítico e sacrossanto,
almas em transcendência fraterna,
encontrem o sentido da paz eterna,
das faces de homens em prantos.
As verdades e seus desencantos.
Um poema sob céu azul-marinho,
em letras góticas de pergaminho,
sem fronteiras para o esquecimento,
rezamos à memória e ao sofrimento,
dos Degolados de São Martinho.
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