Família também julga, sente inveja, tem rancor e não sabe se comunicar.

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Marisa de Abreu
Psicóloga CRP 06/29493

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Família também faz mal.
Família que julga, sente inveja, tem rancor e não sabe se comunicar.
Não se sentir bem na própria casa. Deixar para trás o lugar que o adoeceu.

Que bom seria se houvesse garantias de que em nossa família teríamos somente pessoas nos amam incondicionalmente, que eles seriam sempre sensatos e equilibrados emocionalmente, prontos para a palavra e atitude correta diante de nossos reveses e insatisfações.
Mas não existe essa garantia. Uma pessoa rancorosa, invejosa, com dificuldade de comunicação, de se relacionar descentemente com os demais, não se transforma totalmente somente por estar diante de um irmão, filho, neto ou avô.
Muitos até percebem que seus familiares tem dificuldades comportamentais fora de casa, que são ríspidos, que não tem empatia, mas mantém a expectativa de que essas disfunções não vão acontecer em casa, com a família.
O grande problema pode estar no peso maior que damos ao que é dito e feito dentro da família. Por exemplo, um mesmo desaforo dito por alguém de fora, uma pessoa do trabalho, um amigo, pode ter um peso menor, pois não contamos tanto com eles. Tendemos a considerar como mais importante ou mais significativo o que acontece dentro da família, pois são pessoas que, teoricamente, nos conhecem mais.
Este costuma ser um dos maiores motivos para sair de casa. Nem tanto a necessidade de privacidade, ter seu canto, vontade de administrar a própria vida, mas uma fuga de pessoas que fazem mal emocionalmente. Uma necessidade de deixar para trás o lugar que os adoeceu. Muitas vezes são familiares homofóbicos, narcisistas, abusadores.
Não existe obrigação de gostar, nem de aturar pessoas que não lhe fazem bem. Saber que você pode avaliar seu lugar nesta família, nem precisar dar razão ao que os outros dizem simplesmente por serem sua família já pode ajudar muito na auto compreensão. Eles não estão certos em fazerem ou falarem coisas que te fazem mal, principalmente quando usam do argumento “falo isso porque sou sua família”, ou “você tem que ser como eu quero porque eu tenho poder pelo meu posto nesta família”.