Como é produzido um café especial

O bairro do Matão, na zona rural do município de Tomazina, é um lugar onde o silêncio predomina na maior parte do tempo. Tem uma capela, um campo de futebol, um cemitério e estruturas comunitárias para beneficiamento de café, como estufas de secagem e despolpadores.
Alguém pode classificar o Matão como um lugarejo, mas ele está nos mapas mundo afora quando o assunto é café de qualidade. Os melhores grãos colhidos ali se tornam bebida em cafeterias chiques da Europa, da Austrália, dos Estados Unidos, do Chile e de metrópoles do Brasil.
E a maior parte do sucesso do lugar deve-se a um grupo de meninas, com idades dos 20 e tantos aos setenta e poucos, as Mulheres do Café, organização que surgiu em 2013, idealizada pela economista doméstica Cíntia Mara Lopes de Souza e os colegas dela do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), a antiga Emater.
Mas voltemos ao Matão. Quando a mulherada dali começou a se organizar e a aprender mais sobre a produção de café de qualidade, as fichas cadastrais que elas preenchiam colocando dona de casa ou do lar como profissão passaram a ganhar o termo agricultora nos campos que definiam a ocupação de cada uma. E elas começaram a contar por onde fossem, com orgulho, que viviam na roça, cuidavam dos cafeeiros, faziam a colheita.
Tudo porque, aos poucos, as 22 mulheres do bairro rural que estão no grupo foram dominando as técnicas de manejo e colhendo grãos que renderiam bebidas de altíssimo padrão, pelos quais o mercado paga mais. E melhor: com ágio pelo fato de serem produzidos por mulheres.
“A mulher sempre esteve presente no trabalho do café, mas a gente ficava escondida. Hoje eu tenho orgulho da minha profissão, de ser cafeicultora”, destaca Claudionira Inocência de Souza, a Nira, 43 anos, presidente da Associação das Mulheres do Café (Amucafé), entidade que elas criaram para ter mais força, principalmente na comercialização.
Neste vídeo, ao lado da Eloir de Souza, ela nos mostra a dedicação que empenham para produzir bons cafés.