Dial a Poem - Flanantes e Recife Skate Mafia

"Dial a Poem" é o novo vídeo dos coletivos Flanantes e Recife Skate Máfia, inspirados no projeto criado em 1968 pelo artista nova-iorquino John Giorno e permite que qualquer pessoa ouça poemas de diversos artistas e poetas recitados por telefone.

Os Flanantes e a Recife Skate Máfia recorreram ao poema Slam Blues de Roberta Estrela D’Alva mixado com as cordas do Quinteto Armorial para fazer uma provocação ao Ariano Suassuna, formulador do conceito armorial, fazendo uma mistura de sua proposta com o universo contemporâneo do Slam, para trazer ao público um vídeo de skate que apresenta as derivas realizadas entre João Pessoa, Pipa, Natal, Recife, Olinda, Fortaleza, São Paulo e Santo André.

Um dos traços deste trabalho é a apresentação de novos picos e espaços, filmados entre o nordeste e sudeste, nas andarilhagens por cidades, andando na raiz exposta de uma árvore recentemente removida em São Paulo, pelos calçadões à beira-rio e beira-mar, por praças outras margeadas pela arquitetura local, na ocupação do Monumento ao Presépio, em Natal, projetado por Oscar Niemeyer, conhecido pelos skatistas como Barça, há a presença do Centro de Convivência da Universidade Federal da Paraíba, o Daniel Marques atravessando por cima de uma pedra que havia no caminho, e o Naldinho da Velô Skate Arte abordando as falésias da praia de Pipa.

Com relação à ocupação urbana, Anderson Monte e seus amigos se defrontam com a intervenção da Guarda Municipal de João Pessoa, na Paraíba, ao andarem nas imediações de um bar cujas mesas, cadeiras e clientes invadem a calçada e, após negociações táticas, Monte pula o longo vão da calçada com um belo flip.

Com base no tema do vídeo os coletivos se perguntam: O que é um poeta? Para Nanderson Santos e a filosofia que embasa o Projeto Skate Poético, o poeta é um ser sensível que vê o mundo de uma maneira diferente do convencional, que percebe os fenômenos naturais, as relações interpessoais, transformando essa compreensão de mundo em palavras, ressignificando-as ao seu modo. O skatista é um poeta em potencial, por enxergar na cidade coisas que passam despercebidas às outras pessoas, se comunicando pela linguagem corporal, através da arte urbana, recitando a cidade através da sua corporeidade e se relacionando com outros corpos que pertencem à um espaço, usando a sua ferramenta que é o skate!

A trilha sonora de Dial a Poem fica por conta do Quinteto Armorial, de Paulo Diniz, de Baiano e os Novos Caetanos, Dudu Moraes, Tropa dos Ratão, Perfume Azul do Sol e Tom Zé. As artes são de Karollez Viana, aka Owcalaboca, desenhista e tatuadora, cujas tags e artes podem ser encontradas nas ruas e corpos da cidade. As animações deste trabalho estão por conta da já clássica, Sra. Keiko.

O Dial a Poem dos Flanantes e da Recife Skate Máfia convida você a fazer uma ligação gratuita e ouvir uma poesia aleatória, antes de sair para caminhar pela cidade e explorar como um (a) costureiro (a), o tecido urbano, buscando viver uma nova cidade, mesmo que imaginária. Matilde Campilho, poeta portuguesa que morou no Brasil diz que: “a arte não salva o mundo mas pode salvar o momento”: assim como um vídeo de skate ou uma poesia pode salvar o seu dia!

Texto por Fábio Luiz Pimentel

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