Lava Jato

Lava Jato foi a maior operação anticorrupção da história do Brasil, iniciada em 2014, revelando um esquema sistêmico de propinas, cartel de empreiteiras e desvio bilionário de recursos públicos, tendo a Petrobras como eixo central. Grandes construtoras combinavam contratos, inflavam valores e distribuíam pagamentos ilegais a políticos e partidos em troca de apoio, proteção e poder.
A operação expôs um modelo de governança baseado em corrupção institucionalizada, onde o Estado operava como máquina de arrecadação política. Executivos, doleiros, diretores de estatais e figuras centrais da elite política foram presos, delatados ou investigados, quebrando a sensação histórica de impunidade.
Ao mesmo tempo, a Lava Jato se tornou campo de guerra política. Para uns, símbolo de enfrentamento ao crime de colarinho branco; para outros, instrumento de perseguição seletiva e abuso de poder. Métodos como prisões preventivas prolongadas, delações negociadas sob pressão e cooperação internacional controversa passaram a ser questionados.
Anos depois, decisões do STF anularam condenações, apontando vícios processuais, incompetência de foro e parcialidade judicial. A operação perdeu força, foi desmontada institucionalmente e virou objeto de disputa narrativa, deixando um legado ambíguo: revelou a profundidade da corrupção, mas também expôs fragilidades do sistema de Justiça e os limites do combate político à corrupção.