Ordinária e Sublime - Thamires Garcia

Ordinária e Sublime - Thamires Garcia - A oração de uma mãe.

CARTA ABERTA PARA AS MAMÃES:

Você vai voltar a dormir, talvez não agora, mas vai.
Um dia, não haverá mais manchas de mãoszinhas nos vidros, a casa estará em ordem e em silêncio.
Um dia, você vai voltar a comer a comida quentinha, vai usar o banheiro sem ninguém pedindo para entrar, vai tomar banho e lavar o cabelo sem pressa.
Seu corpo vai voltar a ser seu, e o desafio da amamentação será só uma lembrança.
Você vai terminar o livro, o café, a conversa, a linha de raciocínio sem ninguém te interromper.
Você já não responderá “Por que?” dez mil vezes por dia.
Você terá tempo de olhar bem fundo nos olhos do seu marido, e viajar só com ele numa aventura de amor, você sairá para um café com as amigas, sem hora pra voltar.

Você também não irá procurar por uma versão de si mesma que precisou enterrar, o luto de uma vida sem filhos terá ficado para trás e nunca mais você não será mãe, e estará satisfeita com isso, terá renascido quantas vezes tenham sido necessárias.

Quando este dia chegar, espero que saiba que seu trabalho no Senhor não foi vão.

Se seu parto foi cirúrgico ou natural, se deu fórmula ou amamentou no peito, se precisou trabalhar fora e o fazia com o aperto no coração ao deixar seus filhos na escola ainda tão pequenos, ou se deixou o trabalho remunerado pela vida do lar, se manteve-se ativa no ministério ou se precisou de um tempo para se reencontrar. Se conseguiu fazer o plano de leitura bíblica do ano ou se só conseguia orar enquanto lavava as louças de três dias antes.
Se teve a tão cobiçada respeitosa rede de apoio ou se foi mãe solo, se sua criança era típica ou atípica, quando o dia chegar, eu espero que você tenha conhecido EL ROI, o “Deus que te vê” e tenha permitido que, pela maternidade, Deus lhe salvasse de si mesma, das vaidades do mundo, das falsas conquistas.

Ele lhe terá aperfeiçoado em amor e graça, em meio a esta sua vida, ORDINÁRIA E SUBLIME!

LETRA:

Entre mil fraldas por dia
monótona rotina
Te procuro
Quem sabe eu não te encontre aqui?

Rememoro versos de menina
Daquela Bíblia perdida
Que tanto li
E agora,
Quando foi a última vez que a vi?

Só mais uma mãe divergente
Com um filho ativo e contente
Implorando mentalmente
Por um pouco de silêncio

Ouço “mãe” milhões de vezes
E encaro aquela parede
toda rabiscada de giz

Lá se foi meu perfeccionismo
Esmagado o meu egoísmo
Vou diminuindo
Enquanto te vejo crescer em mim

Limpo, arrumo, cozinho e não venço
Santifico a Ti esses momentos
E no fim de alguns desses dias
Me parece que enlouqueço

Mas, os sãos
Não precisam de médico
Sou eu
Que preciso de Ti

Pareço insana!
Sirvo onde não há nenhum crédito
Mas eu sei,
Não há trabalho em vão para Ti

Então, abraço bem forte
Pois Tu és meu suporte
Pela graça eu dou
O que só de Ti recebi

Eu abraço bem forte
Pois Tu és meu suporte
Pela graça eu dou
O que só de Ti recebi

Estás comigo
Nesse invisível
Santo Deus que me vê
Nessa vida ordinária sublime