Douglas Germano traz originalidade e alma brasileira no seu 5º álbum | Entrevista

O paulista Douglas Germano lança neste ano seu quinto álbum, "Branco", que sintetiza bem sua carreira em onze faixas que tratam de temas como a religiosidade afro-brasileira, questões sociais e os conflitos de classe. "É o universo brasileiro que a gente observa", resume ele, que contou com parceiros de peso para dar forma às suas reflexões, incluindo Roberto Didio, Luiz Antonio Simas, Alfredo Del Penho, Fábio Peron e Márcia Fernandes.

Como em todos os trabalhos de Douglas Germano, a sonoridade do novo álbum é fundamentada no samba, explorando suas possibilidades rítmicas, sem tornar o gênero um mero acompanhamento. Para ele, o samba pode ir muito mais longe musicalmente do que vem sendo convencionalmente utilizado. "A indústria da cultura de massa conseguiu consolidar uma fórmula que aparece sempre da mesma maneira, sempre com os mesmos instrumentos, a mesma arregimentação, mesmo arranjo", diz. "O que procuro é ampliar esse lastro".

Douglas Germano é compositor de mão cheia: tem músicas gravadas pelo Fundo de Quintal e pelo grupo Metá Metá, mas tornou-se mais conhecido como o autor de "Maria da Vila Matilde", registrada por Elza Soares no disco "A Mulher do Fim do Mundo" (2015). A música, baseada na história de sua mãe, virou um hino de denúncia da violência contra a mulher. "Essas situações todas de violência, eu vivi na minha casa", diz. "Era uma situação de terror. Eu era o filho mais velho e tinha, ao mesmo tempo, que consolar meus irmãos mais novos. Uma coisa terrível", recorda.

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