Documentário: Rua da Carioca pede socorro
Автор: WebTV CREA-RJ
Загружено: 2021-10-19
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Uma das mais tradicionais ruas do Centro do Rio de Janeiro pede socorro. Percorrer
a Rua da Carioca a pé ou de carro é quase como visitar uma cidade-fantasma. Do
Largo da Carioca até a Praça Tiradentes são mais de 20 lojas fechadas, muitas
exibindo placas de “Aluga-se” e alguns poucos pontos de comércio que ainda
resistem bravamente aos aluguéis exorbitantes.
Aberta entre os anos 1697 e 1698 inicialmente foi chamada de Rua do Egito, pela
existência de um oratório dedicado à Sagrada Família na sua fuga para o país
africano. O lado esquerdo da via ladeava o morro de Santo Antonio, propriedade
dos frades franciscanos e no lado direito surgiram as primeiras casas.
Em 1741 passou a se chamar Rua do Piolho devido ao apelido de um morador local.
Manteve este nome até 1848, quando a Câmara Municipal do Rio a rebatizou como
Rua da Carioca forma como já era popularmente conhecida por ser o caminho dos
moradores que iam buscar água no chafariz do Largo da Carioca.
Famosa por já ter abrigado estabelecimentos como o Bazar Francês, que tinha
como slogan “Rua da Carioca 5 é com esse que eu brinco”, a ótica Pince-Nez de
Ouro, o Bar Zicartola e o Cinema Ideal, com seu teto móvel projetado por Gustave
Eiffel, o mesmo da famosa Torre Eiffel, a rua ainda guarda em seus prédios um
pouco da arquitetura neoclássica, mas já não é mais a mesma.
A decadência começou a se desenhar em 2012, quando a Venerável Ordem
Terceira de São Francisco da Penitência vendeu 19 imóveis da Rua da Carioca para
o Opportunity Investment Fund. Desde então o Fundo de Investimentos
praticamente dobrou o valor dos aluguéis, o que acabou tornando inviável para a
maioria dos comerciantes a permanência no local.
Em junho de 2013, o então prefeito Eduardo Paes criou, por decreto, o Sítio
Cultural da Rua da Carioca, e tombou nove imóveis: Bar Luiz, Vesuvio, Guitarra de
Prata e outras seis lojas. Mas não foi o bastante para preservá-los.
A Guitarra de Prata, tradicional loja de instrumentos musicais que funcionava desde
1887 no número 37, e por onde passaram músicos como Pixinguinha, Noel Rosa,
Dorival Caymmi e Baden Powell, foi uma das vítimas da especulação imobiliária.
Depois que o aluguel pulou de R$ 7 mil para R$ 15 mil, não resistiu e fechou as
portas de vez.
O Bar Luiz, fundado em 1887, esteve prestes a encerrar as atividades em setembro
do ano passado, por conta de gigantescas dívidas, mas após uma campanha
solidária liderada pela chef Roberta Sudbrack e encampada por antigos
freqüentadores do local, o bar recuperou a freguesia e conseguiu se manter aberto.
Alguns comerciantes poderiam ser chamados de heróis da resistência, como o dono
da loja Oliveira de Instrumentos Musicais e da loja Vesúvio, que há mais de 70
anos vende guarda-chuvas na Rua da Carioca e por pouco não foi despejada.
Resistência cultural também existe na Rua da Carioca e pode ser representada pela
presença da Casa do Choro, fundada em 1999, e pela Escola de Música Villa-Lobos,
uma respeitada escola pública que ensina música desde 1952.
Alguns permanecem, mas mudaram a vocação do negócio, como o caso do
tradicional Cine Íris, que hoje exibe filmes pornôs e shows de strip-tease. Já o
belíssimo Cinema Ideal abriga atualmente o charmoso Bistrô Leffié, que funciona
para almoço das 12h às 15h durante a semana e no final de semana sedia eventos
diversos.
Nesse momento em que o Rio de Janeiro acaba de ganhar o título de primeira
capital mundial da arquitetura, nomeação concedida à Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) e pela União Internacional de Arquitetos (UIA) por ser a cidade-
sede do 27º Congresso Mundial de Arquitetos, o Centro Cultural da Seaerj e o
Clube de Engenharia, com o apoio do Crea-RJ lançam o projeto de Revitalização
Turístico-Cultural e Urbana da Rua da Carioca.
Mais do que uma relíquia local, a Rua da Carioca é um patrimônio nacional, por
isso, todo cuidado é pouco para evitar o seu esvaziamento.
Roteiro: Ana Ioselli
Narração: Nato Kandhall e Ana Ioselli
Imagens: Maria Clara de Oliveira e Silva, Vinicius Alves e Vanderson Santos
Edição: Vanderson Santos
Gestor da WebTV: Nato Kandhall
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