COMO O BRASIL DESPERDIÇOU UM GÊNIO CHAMADO R. FIRMINO??!

Roberto Firmino é um daqueles jogadores que talvez só serão totalmente reconhecidos depois que pararem de jogar. Nascido em Maceió, Alagoas, começou sua trajetória no futebol de maneira discreta, passando pelas categorias de base do CRB e depois do Figueirense, até ganhar uma chance no futebol europeu com o Hoffenheim, da Alemanha. Foi lá que o mundo começou a enxergar o talento raro de um atacante que, apesar de jogar na frente, parecia ter a alma de um camisa 10. Firmino sempre foi mais do que gols. Seu jogo coletivo, sua inteligência tática, sua movimentação sem bola e sua capacidade de criar espaços para os companheiros fizeram dele um atacante incomum, que não se encaixava no molde tradicional de centroavante que apenas finaliza.

Quando foi contratado pelo Liverpool em 2015, muitos questionaram o investimento. Era um jogador que vinha de uma liga não tão midiática e que não tinha números tão impressionantes. Mas ao longo dos anos, Firmino provou ser peça fundamental na transformação do clube inglês. Sob o comando de Jürgen Klopp, ele se tornou o coração do ataque de um dos melhores times do mundo, formando um trio inesquecível ao lado de Mohamed Salah e Sadio Mané. O número de gols de Firmino nunca foi o mais alto, mas o time funcionava de maneira muito mais eficiente quando ele estava em campo. Era ele quem recuava para iniciar jogadas, puxava a marcação, dava passes improváveis e pressionava a defesa adversária com uma intensidade quase simbólica da filosofia "gegenpressing" de Klopp.

Foi campeão da Champions League em 2019, da Premier League em 2020, além de outros títulos como a Supercopa da UEFA, o Mundial de Clubes e a Copa da Inglaterra. Mais do que troféus, Firmino conquistou o respeito dos torcedores, que viam nele um símbolo de entrega, humildade e classe. Sua celebração sorridente, seu jeito tímido fora de campo e a dedicação em campo tornaram-no um ídolo silencioso, desses que não precisam gritar para serem ouvidos.

Na Seleção Brasileira, sua trajetória foi mais irregular. Apesar de ter sido convocado diversas vezes e ter feito parte da campanha vitoriosa da Copa América de 2019, Firmino nunca pareceu ter o mesmo reconhecimento nacional que teve na Inglaterra. Muitas vezes foi reserva, outras tantas foi criticado por parte da imprensa e dos torcedores que esperavam um atacante mais finalizador. Mas, ainda assim, seus números pela Seleção são respeitáveis, e sua importância tática muitas vezes foi subestimada por quem só olha para os gols.

Depois de deixar o Liverpool, Firmino seguiu sua carreira no futebol saudita, o que levantou debates sobre o momento de sua saída da elite do futebol europeu. Alguns acham que ele ainda tinha muito a oferecer em grandes ligas. Outros compreendem a decisão como uma busca por estabilidade e novos desafios. Independentemente do rumo que sua carreira tome a partir daqui, o legado de Roberto Firmino já está garantido: um jogador que redefiniu o papel do falso nove, que encantou uma das torcidas mais exigentes do mundo e que fez história com um estilo único, misturando samba com precisão alemã. Um gênio discreto, daqueles que jogam mais para os outros brilharem do que para aparecer. Um brasileiro que, mesmo não sendo sempre celebrado em sua terra natal, conquistou seu espaço entre os grandes do futebol mundial.

Firmino também representa um tipo de jogador que se tornou cada vez mais raro no futebol moderno: aquele que joga com alegria, mas sem vaidade. Sua generosidade em campo é um reflexo de sua personalidade fora dele. Nunca foi de declarações polêmicas, nunca precisou de manchetes para ser relevante. Era comum vê-lo sorrindo mesmo após perder um gol, celebrando o sucesso dos companheiros com a mesma intensidade com que comemorava seus próprios acertos. Em tempos onde o ego muitas vezes se sobrepõe ao coletivo, Firmino foi a antítese disso: um atleta que colocava o time acima de tudo, que aceitava mudar de posição, recuar, marcar, se adaptar, tudo para que o sistema funcionasse. Sua passagem pelo futebol europeu não foi apenas de títulos e reconhecimento — foi uma aula viva sobre o que significa ser um jogador completo, comprometido e leal ao jogo.