Entrevista a António Sérgio
Автор: Andre Levy
Загружено: 2025-03-01
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ENTREVISTA A ANTÓNIO SÉRGIO POR IGREJAS CAEIRO TRANSMITIDA POR RÅDIO CLUBE PORTUGUÊS NA RUBRICA PERFIL DUM ARTISTA EM 29 DE JULHO DE 1958
Esta colecção procura vivamente o encontro sensitivo e intelectual entre os homens de cultura, de qualquer idade ou grupo, espalhados pelo território do planeta onde se fala e escreve a língua portuguesa. Escutar António Sérgio é conviver com a maior inteligência reformadora do nosso século.
Será acaso António Sérgio um homem sem infância? A primeira aproximação do contexto desta entrevista poder-se-ia tirar essa temerosa conclusão. Mais: Sérgio teria valorado, em termos de existência, o seu próprio passado? E o passado enquanto tal, ou seja, enquanto movimento histórico global, irreversível- mente deixado para trás? Questões que, até certo ponto, um ouvinte, atento ao tecido do discurso, logrará discernir nele o encoberto sentido senão a própria solução. Muitas vezes o grande ensaísta se dirigiu ou escreveu para a juventude. E, na entrevista conduzida por Igrejas Caeiro, surge claramente explicitado o propósito de abertura compreensiva e incondicional perante o jovem. Todavia, o autor dos Ensaios não obtinha a comunicação quase instantânea de um Jaime Cortesão, nem o seu verbo respirava o entusiasmo do artista. Um dia o disse numa palestra para amigos: um homem de pensamento não tem história exterior, factual, aventurosa. O filósofo vive uma aventura interior. Assim, a sua voz fluente mas seca necessita de correspondente atitude interior. As suas palavras são juízos, juízos severamente expostos e, naturalmente, fundados numa vasta obra reflexiva que se alarga a quase todos os domínios da vida literária: poesia, história, sociologia, interpretação artística, filosofia, religião, economia, dramaturgia (é autor da peça Antígona), etc.
Esta entrevista constitui documento muito significativo na biografia do pensador pois, embora em breve apontamento, saltam as revelações típicas duma grande figura da vida nacional: a revolta republicana de 1910 determinou sua vocação de reformador social. Melhor: o estado em que o país então se encontrava, teria sido O móbil e o motivo das opções político-sociais que o definiram. A breve mas concisa opinião acerca do século XIX, recusando um juízo de valor, mostra até que ponto António Sérgio era um homem voltado para o seu presente e, por extensão, para o nosso futuro.
O grande reformador de mentalidades deixou bem expressa a sua descrença no progresso ordenado para a simples produção de bens de consumo. Para ele, como para outros intelectuais da sua geração, tratava-se de organizar a acção com vista à grandeza moral/a prática social e política seriam sempre dependentes da força e da altura dos valores éticos. De certo modo, António Sérgio é discípulo de Antero, e, indo mais longe, restabelece as grandes linhas de força da antiguidade, buscando em Sócrates a raiz do comportamento do homem: ciência e virtude vivem associadas desde sempre e para sempre. Sérgio termina o seu depoimento com um apelo ainda hoje valioso: "Olhem todos para o povo. Procurem o bem do povo português', e prossegue proclamando a necessidade do bom entendimento entre os povos da Terra.
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