CINQUENTA ANOS [Coral de Letras da Universidade do Porto (Maestro Borges Coelho)]

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"Ó meu Menino" de Eurico Carrapatoso
50º Aniversário do Coral de Letras da Universidade do Porto (em conjunto com o seu maestro desde o início até hoje, José Luís Borges Coelho)
Casa da Música do Porto, cheia como um ovo, 21.5.2016

Concerto de grande elevação artística, com o C.L.U.P. apresentado em várias configurações, desde o impressionante quarteto de solistas ao tutti. Também marcante a presença do reportório de Lopes-Graça: os "Escunjuros", as harmonizações das melodias populares portuguesas, as "Heróicas" com a ajuda de pianistas próximos da família do Coral: Isabel Rocha, Dalila Teixeira, Luís Filipe Sá, Miguel Borges Coelho, Sérgio Coelho, Bernardo Pinhal, Pedro Borges e, finalmente, Fausto Neves que fez um agradecimento público a José Luís Borges Coelho, à sua obra, ao seu pensamento, à firmeza do seu comprometimento com o histórico projecto artístico do Coral de Letras.
Momentos houve, vários, de quintessência. Não esqueço, em particular, a popular de Lopes-Graça "Não quero que vás à monda" (coro masculino), "Den Tod" de Bach (coro feminino e piano), de uma beleza absolutamente solar, e o histórico residente "Nem contigo nem sem ti" (tutti). Que anseio interior, que contenção!
Com as "Heróicas" levantámos voo. Acabámos em pé a cantar o "Acordai!", à procura de um tempo ali passado de extrema felicidade em que, tantos de nós que integrámos o C.L.U.P., aturámos o Zé Luís nos ensaios a dizer "não", "ainda não", ou, pior, a acenar "não" enquanto cantávamos.

Todo o concerto foi de subida qualidade. O público que enchia a CdM vivia um momento de celebração descontraída. Era uma festa. Mas o Zé Luís - "está quieto!" - ao invés de facilitar, não fez qualquer concessão. E logrou um dos concertos corais mais consistentes a que já pude assistir. Que rigor, que coesão, que unidade. Houve ali um pensamento. Foi, é e será sempre essa, aliás, a sua marca de água: haver ali um pensamento.

Valeu e vale a pena este meio século. Parabéns, C.L.U.P.!
Parabéns, José Luís, velha raposa. Como um Porto Vintage, marcas pontos e continuas a deixar tudo a milhas.

Eurico Carrapatoso, Olivais, 23 de Maio de 2016