PAIS EXAUSTOS, FILHOS INSEGUROS - A Fila Anda

Quando a permissividade se torna regra, a criança cresce acreditando que o mundo sempre se ajustará aos seus desejos.

No começo, pode até parecer que tudo está bem — afinal, ela recebe o que quer, evita frustrações e vive com a sensação de que seus impulsos são imediatamente atendidos. Mas, internamente, algo diferente acontece.



A ausência de limites cria um vazio de direção.

A criança não sabe até onde pode ir, não encontra contorno, não sente o “chão” seguro que organiza suas emoções. E é justamente aí que surge a ansiedade: sem referências claras, o mundo se torna imprevisível demais para um coração que ainda está aprendendo a se orientar.



Com o tempo, a irritabilidade aparece como um pedido de ajuda silencioso.

Irritação não é malcriação — é desorganização interna. É a criança dizendo, com o comportamento: “Eu não sei o que fazer com tudo isso que sinto, alguém pode me mostrar o caminho?”



E quando ela finalmente encontra uma situação em que o “não” é inevitável — na escola, com outras crianças, ou diante das regras naturais da vida — surge a dificuldade em lidar com frustrações.

Porque, se ela nunca experimentou pequenas frustrações no dia a dia, seu sistema emocional fica sem treino, sem musculatura para suportar o “não”, a espera, o conflito e os limites reais do mundo.



No fundo, o excesso de permissividade não protege — desampara.

O limite, quando dado com afeto, é o que organiza, acolhe e dá segurança.

É o que diz: “Você pode sentir tudo, mas não pode tudo. E eu estou aqui para te ajudar a atravessar.”