Tim Bernardes : Tiny Desk Brasil

LORENA CALABRIA || Ciente do formato único do Tiny Desk — músicos tocando mais baixo, a voz sem amplificação, espaço reduzido — restava a Tim Bernardes apenas uma dúvida: “Posso levar uma orquestra?”, perguntou ao receber o convite. A resposta foi direta: “Pode, mas precisa caber em 20 metros quadrados.”

A escolha pela orquestra não foi aleatória. Desde 2023, Tim vem realizando o espetáculo orquestrado “Raro Momento Infinito”, que privilegia as canções do segundo álbum solo, Mil Coisas Invisíveis (2022), além de faixas de outras fases de sua trajetória, iniciada em 2009, com o grupo O Terno. As apresentações, já realizadas em São Paulo e em duas cidades portuguesas, Porto e Lisboa, ocupavam grandes palcos, nada parecidos com nossa singela mesinha. A proposta, no entanto, foi recebida por todos os músicos como algo inédito e até divertido, o que ficou evidente no ensaio.

Meticuloso, o cantor, compositor e multi-instrumentista traçou com uma fita as dimensões exatas do Tiny Desk Brasil no chão do estúdio. Ali, acomodou os 17 instrumentistas da orquestra, mais o maestro Ruriá Duprat e ele próprio. “Meu receio era não caber todo mundo, mas coube… bem apertadinho”, contou, satisfeito. “O desafio também é acústico. Os instrumentos de orquestra têm muita dinâmica, conseguem crescer em volume mais do que a voz humana. É interessante experimentar esse formato. Me concentro para cantar sem me esgoelar, sabendo que o microfone capta até quando canto baixinho.”

O entrosamento veio logo nas primeiras músicas. De costas para a orquestra, Tim assumia também a direção musical, combinando sinais e detalhes. “Vocês podem ir num crescendo quando eu não estiver cantando.” Mas, se a voz dele não estava amplificada, como saber quando ele estava cantando? Tim não demorou a sugerir a solução: “Se eu não estiver mexendo a cabeça, é porque não estou cantando. Essa é a dica”, disse, brincando. Antes do ensaio terminar, um último pedido: que todos vestissem preto para a gravação.

Foi assim que, numa manhã fria na capital paulista, uma orquestra inteira se encaixou de maneira tranquila dentro do escritório do Tiny Desk Brasil. Com o mesmo entusiasmo do ensaio, apresentaram seis faixas de Mil Coisas Invisíveis. “Pensei muito na sorte de ter essa formação orquestral, e quais músicas são mais significativas do disco novo, as que usam os instrumentos de maneiras diferentes, e também momentos de violão solo. Tem as populares, como ‘BB (Garupa de Moto Amarela)’ e ‘Última Vez’; outras mais experimentais, como ‘Mistificar’; e as mais densas, influenciadas pela música popular brasileira dos anos 70, como ‘Meus 26’, explica Tim.

Mesmo com um grande número de músicos, o resultado é íntimo, realçando sutilezas da voz, das composições e dos arranjos. “Toda vez que a orquestra começa a tocar é meio mágico o jeito que eles soam. Nos shows, eu ouço mais como no disco. Aqui, é diferente, é como tocar acústico.”
Um dos principais nomes da música brasileira contemporânea, Tim Bernardes equilibra o popular e o erudito, deixando que o lado emocional de cada canção aflore até encontrar, enfim, seu “raro momento infinito” nesses vinte e poucos minutos de Tiny Desk Brasil.

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Baseado no “Tiny Desk Concerts” criado por NPR
Produzido por Anonymous Content Brazil

@anoncontent
@tinydeskbra

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Setlist

Nascer, Viver, Morrer
Mistificar
BB (Garupa de Moto Amarela)
Realmente Lindo
Última Vez
Meus 26
Todas as canções foram compostas por Tim Bernardes.



Músicos:


Arranjos Orquestrais por Tim Bernardes

Voz
Tim Bernardes

Maestro
Ruriá Duprat

Contrabaixo
Arthur Decloedt

Bateria
Charles Tixier

1° Violinos
Tiago Paganini
Paloma Pitaya
Alessandro Figueredo

2° Violinos
Alex Braga
Teco Nicolai
Heloisa Oliveira

Violas
Guilherme Bomfim
Tania Martins
Leticia Camargo

Trompetes
Raphael Sampaio
Paulo Viveiro

Trombones
Doug Bone
Doug Felicio

Sax
Wellington de Souza

Harpa
Jennifer Campbell