Mário Pinheiro - MULATA VAIDOSA - lundu de Xisto Bahia e Mello de Moraes Filho - gravação de 1910

Mário Pinheiro - MULATA VAIDOSA - lundu de Xisto Bahia e Mello de Moraes Filho.
Gravação de 1910.



Samuel Machado Filho: Outra raridade da Victor americana, disco 98906. Mello de Moraes Filho era tio-avô de Vinícius de Moraes.



Eu sou mulata vaidosa,
Linda, faceira e mimosa,
Quais muitas brancas não são!
Tenho requebros mais belos,
A noite são meus cabelos,
O dia é meu coração.

Sob a camisa bordada,
Fina, tão alva e rendada,
Me treme o seio moreno:
É como o jambo cheiroso,
Que pende o galho formoso
Coberto pelo sereno!

No bico da chinelinha,
Que voa mais levezinha,
Mais levezinha que eu.
Eu sou mulata tafula;
Sou tambarrão feito a chula,
Jamais ninguém me venceu.

Ao afinar da viola,
Quando estalo a castanhola,
Ferve a dança e o desafio;
Peneiro num mole anseio,
Vou mansa num bamboleio,
Qual vai a garça no rio.

Os moços todos esquiva,
Sendo de todos cativa,
Demoro os olhares meus.
Ai que murmuram maldita,
Bravo! Mulata bonita!
Adeus, meu ioiô, adeus...

Minhas iaiás da janela
Me tiram cada olhadela...
Aí! Dá-se? Mortas assim!
E eu sigo mais orgulhosa,
Como se a cara raivosa
Não fosse feita pra mim.