O que faz uma TRANSPORTADORA ser boa ou ruim para o CAMINHONEIRO

A questão central sobre se a transportadora é parceira do caminhoneiro autônomo revelou uma divisão clara de opiniões entre os profissionais da estrada e a visão institucional, resumindo-se em uma parceria que existe mais no princípio do que na realidade cotidiana do frete.

Para os caminhoneiros autônomos, embora alguns reconheçam a existência de transportadoras que agem como parceiras — pagando o justo, respeitando a lei —, a maioria não demonstra essa preocupação. A principal queixa é a exploração: empresas que impõem fretes muito baixos, descontam impostos e se recusam a pagar o vale-pedágio.

Um dos caminhoneiros exemplificou o desequilíbrio, citando fretes onde a margem de lucro após despesas é mínima, insuficiente para a manutenção do veículo. Outro destacou que, ao pegar um frete de R$ 20 mil, a transportadora deveria repassar no mínimo R$ 15 mil a R$ 17 mil para que o autônomo tivesse um ganho justo, o que raramente ocorre. Além disso, a parceria é minada por exigências ilegais, como a imposição de viagens em prazos impossíveis, violando a Lei do Descanso.

Do ponto de vista do SETCESP (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), representado por seu presidente, a parceria é essencial. O sindicato orienta as empresas a cumprirem rigorosamente a legislação, incluindo piso mínimo de frete, vale-pedágio e recolhimento de impostos. O representante reforçou que a responsabilidade final recai sobre o próprio caminhoneiro, já que "nada vence a palavra aceite". Se o autônomo aceita fretes fora da lei, ele contribui para a alimentação de um mercado ilegal.

Apesar dos conflitos, o SETCESP defendeu a viabilidade da união entre as partes, especialmente com a atual escassez de motoristas no mercado. Esta falta de profissionais representa uma oportunidade para o autônomo regular e cumpridor da lei fidelizar-se ao "bom transportador", estabelecendo um elo de confiança mútua.

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