ARROZ TIPO 1 - QUALIDADE OU ILUSÃO? UM ALERTA PARA O MERCADO DE ARROZ

O consumidor busca preço. O varejo espreme. E, para fechar essa conta, surgem cada vez mais marcas de arroz que atuam à margem da legislação.

É uma prática silenciosa, mas grave: indústrias estão lançando marcas paralelas para escoar arroz fora do padrão oficial de classificação, conforme as normas da INR 6/2009 do MAPA. Esse arroz, que não entra nas marcas principais, acaba nas gôndolas com rótulos atrativos e preços agressivos, confundindo o consumidor e comprometendo a confiança no produto.

A ausência de uma fiscalização efetiva, especialmente nos pontos de venda, permite que esse tipo de produto circule com facilidade. Muitas vezes, os laudos de classificação são apenas formais e não refletem a realidade do conteúdo das embalagens.

Do lado da produção, cresce a semeadura de variedades que integram o portfólio com o objetivo de auxiliar no controle do arroz vermelho, uma planta invasora que compromete a produtividade e dificulta o manejo. O problema está na forma como parte dessas lavouras é misturada, sem critérios técnicos, nos silos ou enviada a cooperativas e indústrias sem transparência sobre sua destinação.

Essa prática contamina o mercado, gera concorrência desleal e pressiona as marcas sérias que seguem as normas, investem em controle de qualidade e rastreabilidade, a reduzirem seus preços para competir no varejo. No fim, o consumidor perde, a indústria responsável perde e o arroz brasileiro, como marca, perde valor.

Além disso, há um risco ainda mais sério: os nossos clientes internacionais, que hoje valorizam o arroz brasileiro por sua qualidade, rejeitam essas variedades que usamos aqui internamente para misturas. Se não formos criteriosos, essas práticas podem comprometer a reputação que o Brasil vem construindo ano após ano no mercado externo.