O CAMINHO DE FERRO - OGUM

O dia nasce coberto por nuvens pesadas. Um homem solitário caminha por uma estrada de terra batida, a poeira subindo com seus passos firmes. Seu rosto carrega marcas do tempo, os olhos determinados fitam o horizonte. Sobre seus ombros, uma pequena mochila gasta pelo tempo. A estrada é longa, deserta, cortada por ventos secos que fazem as árvores vergarem.

Após horas de caminhada, ele para diante de um obstáculo intransponível: um rio caudaloso. As águas escuras rugem, a correnteza violenta ameaça arrastar qualquer um que tente atravessar. Não há ponte. Não há barco. O caminho parece ter chegado ao fim.

Ele se ajoelha na margem, toca a terra úmida e olha ao redor. Seus dedos encontram algo duro no chão: pedaços de ferro enferrujados, abandonados pelo tempo. Seu olhar se acende. Com mãos firmes, ele começa a trabalhar.

O silêncio da mata é quebrado pelo som ritmado de marteladas. O ferro resiste, mas ele não desiste. Molda, solda, dá forma ao impossível. O fogo brilha em seus olhos, faíscas dançam ao seu redor. O suor escorre pelo rosto, mas ele não hesita. Depois de horas, a ponte está erguida. Feita de ferro bruto, forte como sua vontade. Ele pisa sobre ela, e cada passo ecoa como trovões.

Ao atravessar, algo muda. Suas roupas já não são as mesmas. O vermelho e o azul brilham em sua veste, reflexos metálicos surgem em seu corpo. Seu olhar é diferente, mais intenso. Mas ele não para. A estrada continua, e ele segue.

Mais adiante, ele encontra um vilarejo. Mas algo está errado. O lugar é cercado por um muro alto de pedras e um gigantesco portão de ferro trancado por correntes pesadas. Lá dentro, pessoas observam em silêncio, olhos cansados, semblantes sombrios. Elas estão presas.

Ele se aproxima, toca o ferro do portão. Sente a dor, sente o medo. Suas mãos se fecham. Algo desperta dentro dele.

De repente, uma espada surge em suas mãos – forjada de pura luz, o fio afiado reluz como fogo. Sem hesitar, ele ergue a lâmina e desfere um golpe certeiro. O estrondo ecoa. As correntes se partem. O portão cai como um trovão.

A poeira sobe, e o silêncio dura apenas um instante. Então, as pessoas avançam. Primeiro com receio, depois com pressa. Cruzam o portão que antes as prendia. O medo se dissolve. O peso desaparece. A liberdade se espalha como fogo em palha seca.

O homem respira fundo. Quando olha para o chão, sua sombra já não é a mesma. Ogum está ali. Sempre esteve.

Ele não para. Continua sua jornada. Mas agora, os passos solitários não ecoam sozinhos. Atrás dele, o povo o segue. Onde antes havia terra árida e incerta, agora há uma estrada de ferro firme, brilhando sob a luz do sol que finalmente rompe as nuvens.

O caminho está aberto.

🔥 OGUNHÊ! OGUM ABRE CAMINHOS! 🔥