Hong Kong - de onde veio, para onde vai?

O que será depois?

O que virá depois de cinquenta anos prometidos de “um país, dois sistemas”?
A pergunta reverbera pelas ruas de Hong Kong desde 1997, quando o território foi oficialmente devolvido à China após mais de 150 anos de domínio britânico. A promessa era clara: autonomia administrativa, liberdade de imprensa, sistema jurídico independente. Mas o tempo passa, e o fim desse prazo se aproxima – oficialmente, 2047. Qual Hong Kong virá, que China será?

O nome Hong Kong (香港), que significa “porto perfumado”, remete ao tempo em que a baía era um entreposto para o comércio de incensos, óleos e ervas aromáticas. Mas sua história ganhou contornos dramáticos no século XIX, quando, ao fim da Primeira Guerra do Ópio, o Tratado de Nanjing (1842) forçou a China imperial a ceder a ilha à Grã-Bretanha. Nascia ali não só uma colônia, mas também um símbolo ambíguo: espaço de liberdade capitalista em solo asiático, mas também fruto do imperialismo e da humilhação.

Com o retorno à soberania chinesa, em 1997, firmou-se a promessa de meio século de relativa autonomia – uma espécie de zona de transição entre dois sistemas políticos e duas concepções de mundo. Essa fórmula foi tensionada em protestos históricos em 2014 e 2019, que revelaram o medo crescente de perder liberdades fundamentais e a identidade plural construída ao longo de um século e meio.

Hoje, Hong Kong vive entre a memória e a incerteza. Por um lado, guarda traços de sua história colonial e cosmopolita; por outro, vê crescer o controle do governo central sobre sua política, sua educação e sua imprensa. O que virá depois de 2047? Será possível manter a singularidade cultural e institucional diante da centralização crescente?

Essa pergunta não é só de Hong Kong, mas de todas as sociedades que vivem entre promessas e rupturas, entre identidade e imposição.

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