Maria Homem: menos Deus, mais Psicanálise
Автор: Canal Inconsciente Coletivo
Загружено: 2020-09-10
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A causa divina é o melhor álibi para você estar fora da lei e realizar seu gozo de transgressão. Isso é um sintoma do Brasil. Flordelis, Bolsonaro, o catolicismo ou o crescimento do evangelismo representam um flerte com a perversão.
Não é para usar o nome de Deus para nada na terra. A discussão honesta seria tirar os deuses e o apelo à fé e ao foro íntimo do espaço público. Isso é modernidade.
Estou deslegitimando completamente qualquer lugar sacerdotal. Não é legítimo esse lugar. Pode ele ser transcendental, terreno, divino ou revolucionário. Todos devem pagar imposto e serem submetidos a uma mesma lei. Não fale em nome de alguém. Fale em nome próprio, essa é a única posição analítica ética.
A posição na qual se delega poder ao grande Deus, qualquer Deus - pode ser o Deus Lacan, o Deus Freud, o Deus Jesus, ela é filial. Isso é nosso masoquismo originário, uma posição infantil esperando que o ‘Grande Outro’ exista e te sustente. Uma estratégia para tirá-lo do lugar de não amparo que é o nosso lugar, dos humanos.
Deus hoje é uma mercadoria. Um produto incrível. Estamos na era do capitalismo imaterial. Alguém se coloca como mediador e te vende isso. Por que não tem imposto para igreja? Pelo amor de Deus, justamente (risos). A religião é um negócio. Ela é terrena. Uma formação da subjetividade humana. Não estou discutindo se há Deus, isso a gente não pode saber. Só que essa mediação é mercado, é poder. As igrejas são isso. O capitalismo vende coisas. Eu vendo a conexão do seu desejo de ligação com a transcendência, através de mim Deus vai te olhar te forma mais complacente. Que instrumentos eu tenho para fazer isso?
Flordelis tem o poder de transformação. É a grande mãe, a realização imaginária do arquétipo materno. É sensacional. O suprassumo do Brasil em todas suas mazelas, séculos de história.
Cuidado com aquele que precisa afirmar muito. Se tem muita força nessa afirmação é porque normalmente está afirmando para fora o que precisa negar dentro. ‘Eu sou super hetero, macho pra caralho’. Como é que é? Eu sei que tem algo aí. Você brocha, o feminino pra você te ameaça? Você não sabe onde pôr as mãos, tem medo desse tipo de mulher que está na arena, que dialoga e é inteligente? Vai precisar falar que ela é feia e inestuprável? Onde que está pegando? Seu pau sobe quando, como e por que? Você não sabe. E eu te digo, não é Deus, é o seu inconsciente e suas punções. Essa é a grande virada, o interessante da modernidade – você pode vir a saber. Você não sabe ainda, mas pode vir a saber.
Por menos Deus e mais psicanálise. Por menos transcendência e mais conhecimento de si e coragem de se escutar. Sem projetar, sem desmatar, negar ou armar a população. Deixa a terra girar.
Como assim liberdade de ir e vir, andar sem máscara ou deixar de tomar vacina? Não pode, é questão de saúde publica. ‘Não quero toxina no meu filho. O movimento Waldorf é super legal e interessante, porque meu corpo tem a sua própria maneira de se defender’. Não!
A adoção é o mesmo caso. Tem que regular, não pode fazer o que quiser. Você não é tão livre quanto você acha individualmente que é. Isso não existe. Se você se iludiu e achou que a modernidade era o grande palco da liberdade individual, pára o jogo e volta. A gente errou. Precisamos honrar o que está pactuado, o que é lícito e o que é ilícito. A gente é razão e irrazão. A gente é irracional. E você não é livre justamente porque tem inconsciente e pulsão. É preciso zelar pelo outro. Se beber não dirija. Feliz ou infelizmente não somos tão livres quanto chegamos a acreditar.
Maria Homem, psicanalista, pesquisadora, professora universitária, com mestrado na Universidade Paris 8, concedeu uma entrevista recente, comparando o Brasil a um paciente doente, que precisa se deitar no divã e passar por um profundo processo de análise. Ora, sendo assim, o caso Flordelis deveria ser objeto de pelo menos uma sessão...
Blog Inconsciente Coletivo do Estadão
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Entrevista por Morris Kachani
Edição por Isabella Marzolla
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