Patativa do Assaré, a lenda nordestina! Produzido por Ronildo Miranda Cordeiro.

Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, nasceu em 5 de março de 1909 no sítio Serra de Santana, no município de Assaré, Ceará. Vindo de uma família pobre de agricultores, perdeu a visão do olho direito aos seis anos devido ao sarampo e ficou órfão de pai aos oito anos, o que o obrigou a trabalhar na roça para ajudar a família. Com apenas doze anos, frequentou a escola por um curto período, onde aprendeu a ler e se apaixonou pela poesia. Aos 13 anos, começou a compor versos e, aos 16, comprou uma viola para acompanhar seus repentes, uma forma de poesia cantada. Recebeu o apelido de "Patativa" por causa da beleza de seus versos, comparados ao canto desse pássaro nordestino, e o acrescentou ao nome "Assaré" em suas viagens pelo Nordeste. Na juventude, viajou e se apresentou em várias cidades do Nordeste e em rádios locais, ficando conhecido como um dos maiores repentistas e poetas populares do sertão.
Seu primeiro livro, "Inspiração Nordestina," foi publicado em 1956 com apoio do filólogo José Arraes. Ao longo da vida, produziu uma vasta obra poética que retratava a vida dura do sertanejo, a seca, a pobreza e as injustiças sociais, com uma linguagem simples, regional e popular. Seu poema "Triste Partida", de 1964, ganhou projeção nacional ao ser musicado por Luiz Gonzaga. Patativa do Assaré também teve atuação social, apoiando movimentos sociais como as Ligas Camponesas, resistindo à ditadura militar brasileira e defendendo as Diretas Já. Ele publicou vários livros e folhetos de cordel, gravou discos e teve sua obra estudada internacionalmente, inclusive na Sorbonne. Recebeu diversos prêmios e títulos honorários ao longo da vida. Faleceu em 8 de julho de 2002, aos 93 anos, deixando um legado como uma das maiores vozes da cultura popular nordestina, que denunciou as desigualdades sociais e valorizou a tradição oral do sertão com grande talento literário e musical.