Lula lidera votos válidos e consolida vantagem mesmo em pesquisa historicamente favorável à direita

A mais recente pesquisa nacional do instituto Paraná Pesquisas, divulgada em dezembro de 2025, oferece um retrato relevante da disputa presidencial ao combinar dois elementos centrais da conjuntura política brasileira: a manutenção da liderança de Lula em todos os cenários testados e o avanço gradual do campo conservador, representado por Flávio Bolsonaro, especialmente nas simulações de segundo turno.

No cenário estimulado de primeiro turno, Lula aparece com 37,6% das intenções de voto, seguido por Flávio Bolsonaro com 27,8%. Na sequência surgem Ratinho Junior, com 9,0%, Ciro Gomes, com 7,9%, Romeu Zema, com 3,1%, Tereza Cristina, com 1,9%, e Renan Santos, com 0,8%. Os eleitores que declararam voto branco, nulo ou em nenhum candidato somam 6,7%, enquanto 5,3% disseram não saber ou preferiram não opinar.

Mesmo antes de qualquer depuração estatística, o dado central é claro: Lula lidera com folga o primeiro turno. Quando se excluem brancos, nulos e indecisos e se observam apenas os votos válidos, como determina a legislação eleitoral brasileira, a vantagem do atual presidente se amplia de forma ainda mais consistente. Trata-se de um ponto crucial para a leitura correta da pesquisa, frequentemente negligenciado no debate público e nas análises apressadas de redes sociais.

A pesquisa ganha ainda mais densidade analítica ao apresentar a simulação de segundo turno entre Lula e Flávio Bolsonaro. Em dezembro de 2025, Lula registra 44,1% das intenções de voto, contra 41,0% de seu adversário. Brancos e nulos somam 9,2%, enquanto 5,7% permanecem indecisos. Novamente, ao considerar apenas os votos válidos, Lula aparece numericamente à frente, confirmando vitória em um eventual confronto direto.

A série histórica apresentada pelo levantamento reforça a leitura de um cenário competitivo, mas ainda favorável ao presidente. Em outubro, Lula tinha 46,7%, caindo para 45,4% em novembro e chegando a 44,1% em dezembro. Flávio Bolsonaro, por sua vez, apresenta trajetória inversa, subindo de 37,0% para 38,6% e, posteriormente, 41,0%. Ainda assim, o movimento de aproximação não foi suficiente para ultrapassar Lula nos votos válidos.

É justamente nesse ponto que a pesquisa do Paraná Pesquisas assume relevância política ampliada. O instituto é amplamente conhecido no meio político e acadêmico por apresentar, historicamente, números mais favoráveis a candidatos da direita e do campo conservador. Em 2022, por exemplo, o Paraná Pesquisas chegou a indicar vantagem de Jair Bolsonaro em momentos decisivos da corrida presidencial, cenário que pode ser facilmente verificado em levantamentos e reportagens disponíveis na internet. Essa característica metodológica, longe de desqualificar o instituto, torna seus dados ainda mais significativos quando apontam liderança consistente de um candidato de centro-esquerda.

Em termos de análise de conjuntura, o recado é claro. Se até mesmo um instituto identificado por capturar com maior intensidade o voto conservador registra Lula à frente em todos os cenários e vencedor nos votos válidos, isso indica uma posição estruturalmente sólida do presidente no eleitorado nacional. Ao mesmo tempo, o crescimento de Flávio Bolsonaro sinaliza que a direita permanece competitiva, organizada e com capacidade de mobilização, sobretudo em um ambiente de polarização persistente.

O cenário desenhado pela pesquisa não autoriza triunfalismos nem alarmismos. Lula vence hoje, mas enfrenta um adversário em ascensão. A direita cresce, mas ainda não rompe a barreira decisiva dos votos válidos. A disputa segue aberta no plano político, mas, do ponto de vista estatístico e institucional, o favoritismo permanece com quem lidera quando se aplica o critério que, ao final, decide a eleição.

Em síntese, a pesquisa do Paraná Pesquisas não apenas mede intenções de voto. Ela revela o equilíbrio instável da política brasileira em 2025, confirma a centralidade de Lula no sistema político e expõe os limites atuais da oposição conservadora, mesmo em um terreno metodologicamente mais favorável a ela.

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