Mateus 5 e as bem aventuranças

Na minha visão, Mateus 5 não é só um capítulo da Bíblia. É um grito. Um grito de esperança pro mundo que acha que só os fortes, os ricos, os populares merecem lugar no palco da vida.

Jesus sobe numa montanha — não pra se exibir, mas pra se encontrar com os que ninguém queria ver. Com os pobres de espírito, os que choram, os que têm fome de justiça. E ali, no silêncio do vento e da terra, ele vira tudo do avesso.

Chama atenção o fato de que ele começa dizendo: “Bem-aventurados os pobres de espírito” — não os ricos, nem os poderosos, nem os perfeitos. Os pobres. Os que estão vazios. Os que reconhecem que precisam de algo maior. Isso dói. Porque nos lembra que, muitas vezes, a nossa força é nossa prisão. E a nossa fraqueza? Pode ser a porta pro céu.

É possível observar que, nesse capítulo, Jesus não dá regras — ele dá coração. Ele não fala de lei, fala de amor. Não fala de julgamento, fala de misericórdia. Ele diz: “Vocês são o sal da terra… a luz do mundo.” Mas não porque vocês são bons — porque vocês podem ser luz mesmo sendo quebrados.

No meu estágio como voluntário em um abrigo, vi isso acontecer: pessoas que tinham perdido tudo — casa, família, saúde — ainda conseguiam sorrir, ajudar, acolher. Elas não eram “bem-aventuradas” por terem tudo. Eram por serem capazes de amar mesmo sem nada.

E então, Mateus 5 se torna um convite. Um convite pra descer do pedestal, pra largar a máscara, pra assumir que a gente precisa de Deus — e de uns dos outros. Porque o Reino de Deus não é pra quem está “certo”. É pra quem está disposto a mudar.