Economia política ecológica e o florescimento das alternativas
Автор: Instituto de Economia da Unicamp
Загружено: 2025-11-12
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É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? Como o conceito de "Capitaloceno" expõe as raízes da crise climática de forma mais precisa que "Antropoceno"? Este seminário do Instituto de Economia da Unicamp, parte do "Quinto Ciclo de Debate sobre Alternativas Sistêmicas", mergulha nas fundações da economia política ecológica para analisar a crise atual e o florescimento de alternativas reais.
A primeira apresentação, do professor Alex Williams Palludeto (IE-Unicamp), oferece uma crítica ao conceito de "Antropoceno" [06:22]. O professor argumenta que a crise não é causada pela "humanidade" de forma indiferenciada, mas por um sistema específico: o capitalismo. Utilizando o conceito de "Capitaloceno", de Jason Moore [05:47], Paludeto situa a origem da crise ecológica não na Revolução Industrial, mas na expansão colonial do século XVI [16:45], baseada na apropriação de uma "natureza barata" (trabalho, energia, alimentos e matérias-primas). A análise demonstra, com dados sobre emissões [20:50] e capacidade de resiliência [24:48], que as responsabilidades e os impactos da crise são profundamente assimétricos, invalidando a ideia de uma culpa humana genérica.
Em seguida, Daniel Pereira da Silva (Pós-doutorando IE-Unicamp) propõe o "Quilombo como Alternativa Sistêmica" [29:35]. Partindo de Frantz Fanon [30:59], Daniel discute como o capitalismo, ao definir o homem branco europeu como o único "humano" pleno, cria o negro como seu outro inferiorizado [38:36]. O quilombo surge, então, não apenas como fuga, mas como uma negação radical da lógica do trabalho escravista e uma organização social e psicológica distinta [43:51]. Baseando-se em Clovis Moura [41:14] e Nêgo Bispo [48:42], a apresentação defende o quilombo como uma forma de "bioidentificação" e confluência que se opõe à lógica capitalista de desenvolvimento e propriedade, mantendo-se como uma alternativa viva no presente [50:53].
Por fim, Fábio Teggi Fernandes (Doutorando IE-Unicamp) aborda o "Realismo Capitalista" de Mark Fisher [54:52], a sensação generalizada de que o capitalismo é a única realidade possível. Fábio explora as "fraturas" nesse realismo — a catástrofe ambiental [58:01], a epidemia de doenças psíquicas [01:00:00] e a burocracia persistente [01:01:07] — como provas de que o sistema é, na verdade, contingente e transponível. A apresentação mapeia um "realismo pós-capitalista" [01:03:00] através de alternativas concretas, como o Bem Viver (Sumak Kawsay) [01:07:59], o Decrescimento [01:10:53], o Ecossocialismo [01:14:08] e o Ecofeminismo [01:17:18], argumentando que a superação do sistema exige um ataque simultâneo ao capitalismo, patriarcado e colonialismo.
O espectador obtém deste debate um arcabouço teórico denso para compreender que a superação da crise climática e social não é um problema técnico, mas uma necessidade de ruptura civilizatória, e que as alternativas para isso já estão sendo construídas.
Moderadora: Heloisa Brenha Ribeiro (IE/Unicamp)
00:00:00 – Abertura e enquadramento do 5º Ciclo de Debates
00:04:41 – Crítica ao Antropoceno e a gênese do Capitaloceno (Alex Paludeto)
00:20:22 – Assimetria das emissões: por que “Capitaloceno” e não “Antropoceno”?
00:41:14 – Clovis Moura e a Quilombagem como ruptura da ordem
01:03:00 – Construindo um realismo pós-capitalista: Bem Viver e decrescimento
Bibliografia:
BONNEUIL, Christophe; FRESSOZ, Jean-Baptiste. O acontecimento Antropoceno: a Terra, a história e nós. São Paulo: Elefante, 2020. Cap. 10 – “Capitaloceno”.
MARQUES, Luiz. Capitalismo sem limites acelera crise climática. Folha Ilustríssima, YouTube, 2024.
MOORE, Jason W. Antropoceno ou Capitaloceno? São Paulo: Elefante, 2022.
MOORE, Jason W. Por uma teoria econômica além do antropocentrismo. Outras Palavras, 2020.
MOURA, Clóvis. A quilombagem como expressão de protesto radical. In: Os quilombos na dinâmica social do Brasil. EDUFAL, 2001.
PAULO, Maria Tainá; ROCHA, Nara Maria Forte Diogo. Epistemologias contracolonialistas: questões ambientais e saberes quilombolas. Ambiente & Educação, v. 30, n. 1, 2025.
Podcast Peças Raras – “O contracolonialismo de Nêgo Bispo.”
Poema Conceição Evaristo – “Tempo de nos aquilombar.”
FISHER, Mark. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
MARQUES, Victor; GONSALVES, Rodrigo. “Mark Fisher nos ajudou a pensar para além do realismo capitalista.” Jacobin Brasil, 2023.
SOLÓN, Pablo (org.). Alternativas sistêmicas: Bem Viver, decrescimento, comuns, ecofeminismo, direitos da Mãe Terra e desglobalização. São Paulo: Elefante, 2019.
12 de novembro de 2025, 19h às 21h
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