Lâmina da Madrugada - FP

Lâmina da Madrugada

Ouvi dizer que a noite vela segredos…
E que a rua guarda velhos desígnios.
Lâmina da Madrugada.

Piso a calçada como outrora um cavaleiro,
Com o espírito erguido e o semblante verdadeiro.
A urbe é o meu castelo, o povo o meu roteiro,
E a honra é a moeda que carrego no celeiro.

Por vielas antigas, o vento traz lembranças,
Sussurros de tempos cheios de esperanças.
Mas o mundo muda com as suas andanças,
E eu ergo-me firme perante as mudanças.

Sou a Lâmina da Madrugada,
Cortando a sombra, alma armada.
Em cada rua, uma saga traçada,
No peito trago a verdade entalhada.

Lâmina da Madrugada,
Na escuridão, a luz convocada.
Se o destino vem com face cerrada,
Eu avanço sempre — a lâmina é sagrada.

Carrego termos que o tempo relegou,
Palavras de outrora que o povo olvidou.
Mas na minha voz o eco renasceu,
Como pergaminho que a noite escreveu.

A vida é um tomo de páginas gastas,
Onde a coragem vigora nas castas.
Ergo o meu verso nas horas nefastas,
Pois a força reside nas almas vastas.

Sou a Lâmina da Madrugada,
Cortando a sombra, alma armada.
Em cada rua, uma saga traçada,
No peito trago a verdade entalhada.

Lâmina da Madrugada,
Na escuridão, a luz convocada.
Se o destino vem com face cerrada,
Eu avanço sempre, a lâmina é sagrada.

Se o vento ruge, eu não vacilo,
Se a noite pesa, eu não vacilo.
Pois cada trilho, cada sigilo,
Forjou o meu ser num elo tranquilo.

Lâmina da Madrugada,
Alma antiga, voz renovada.
A rua chama-me, alma guardada,
E eu respondo com a lâmina levantada.

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Fernando Jorge Oliveira Pereira
Furadouro - Ovar
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