Odete Lara deslumbrante em O Dragão da Maldade Conta o Santo Guerreiro, Glauber Rocha, 1979 1080p
Автор: Larissa Pereira Gouveia
Загружено: 2023-11-01
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LEIAM! Laura (Odete Lara) é quase uma aparição nesta cena em que Glauber soube, como poucos diretores, usar a cor no artifício dramático. Além do uso do recurso da câmera subjetiva que custa a fixar-se para então, movendo-se junto a personagem, repetir sua marcha — e isso, precisamente, reforça a nossa sensação de estar diante dos passos de uma aparição
vindo em nossa direção.
Percebam então que efeito genial a câmera na mão, instável de propósito, conferiu a esta cena; pois se a mesma estivesse fixa, ao contrário do efeito perturbador, seria apenas um desfile observado de longe. Aliás a trilha sonora, através da música atonal, de autoria de Marlos Nobre, é outro ponto a reforçar a atmosfera perturbadora.
Laura traja um vestido transparente e fluido, de musseline roxo — com pontas assimétricas — este tom, convencionalmente associado a ritos mortuários, aqui puxa para um fundo rosado: magenta. Seu penteado evoca uma diva old Hollywood: o cabelo é liso loiro, solto à messy hair e tem volume definido no topo alteado. A figura extravagante, feminina, evidentemente destoa da paisagem desbotada e agressiva do cerrado. Ela não pertence ao conjunto e, não à toa, deseja passar dos seus limites e ir além daquele lugar.
Carregando um buquê Camp, feito de enormes flores sintéticas ordenadas em cascata, ela é como a noiva aguardada e sua entrada é triunfal — uma visão over irrompendo naquela aridez alva. Em longa linha reta, a loira marcha fúnebre (ou nupcial) e à sua frente seu novo amante arrasta com dificuldade o corpo do seu antigo amante (recém morto por ela, com cerca de 20 estocadas de punhal). Aqui um parêntese: um grande momento autoral em que Glauber extrapolou os limites dos gêneros cinematográficos, aqueles tipicamente associados à sua obra, e flertou com o Horror/ Terror. (Pela data em que vai o vídeo, uma postagem ideal no embalo do Halloween).
Esta cena, de fato, soube recriar uma cerimônia de casamento: mórbida e pagã (ironicamente, na sequência, haverá até a presença de um padre — ele tentará apartar os corpos de Laura e do Professor, que insistirão em satisfazer-se num desejo cego em relação à tragédia social ocorrendo ao redor de ambos.
Enfim, não por acaso, esta noiva (do) cadáver leva consigo um buquê que possui a mesma artificialidade contida em seus sentimentos -- amores feitos de puro interesse: tanto pelo conforto da vida, ao lado do coronel a quem traía, como pela possibilidade da fuga projetada no amante e, por fim, a satisfação sexual com o Professor.
Eis o vulto berrante de uma mulher que nunca mais sairá de nosso imaginário. Laura é a própria encarnação da loira fatal!
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