RICK AND MORTY E A FUTILIDADE DA VIDA

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Para nos aprofundarmos um pouco mais sobre o tema da futilidade da vida, vamos recorrer dessa vez a Albert Camus e ao mito de Sísifo.

Séries, peças, filmes e outros tipos de entretenimento replicam histórias que dão lições e provocam reflexões. Nós nos apegamos a isso porque as narrativas, passadas muitas vezes de geração em geração, carregam valores culturais e nos ajudam a progredir.

Por mais distinta que seja a forma, temos paralelos entre, por exemplo, uma série animada e um mito da Grécia Antiga. Afinal de contas, o teatro grego é praticamente uma Netflix da antiguidade.

Entre todos os episódios de Rick and Morty, talvez o que melhor represente a noção do absurdo seja o sexto episódio da primeira temporada, chamado de “Poção de Rick”. Caso você não se lembre bem dele, vamos a uma rápida recapitulação.

O tema inicial do episódio são as relações amorosas. Morty está na escola e tenta se aproximar de Jéssica, mas é interrompido e lembrado de que ela é uma garota “fora de sua liga”. Ao voltar para casa, Morty conversa com seu pai, que conta um pouco de como conheceu sua mãe, até ser interrompido por Rick, que lembra que o casamento dos pais de Morty está por um fio.

Mesmo assim, Morty segue em sua perseguição pelo amor, que, segundo Rick, é apenas uma reação química que nos leva a reproduzir, e que depois nos deixa em uma vida infeliz, num casamento sem sentido. Mas sobre isso já falamos no episódio sobre as similaridades de Rick e Schopenhauer.

Voltando à trama, Morty pede uma poção do amor milagrosa para Rick, que a entrega sem fazer muita cerimônia. Morty então vai a um baile de escola e passa a poção em Jéssica, que se apaixona por ele. No entanto, por estar gripada, ela acaba espalhando a poção, como se ela estivesse fundida ao vírus da gripe. Logo todos se apaixonam por Morty e Rick passa a criar antídotos que só pioram a situação, acabando por transformar a população de todo o planeta em bichos para lá de esquisitos.

A solução encontrada é abrir um portal para uma realidade onde os dois – Rick e Morty – tenham acabado de morrer. O episódio termina com Morty olhando para o vazio existencial que se faz presente após enterrar o seu próprio corpo no quintal da casa onde ele e seu avô agora vivem, como substitutos, sem que ninguém saiba.