Ela chegou na pergunta de 1 milhão e PEDIU IDENIZAÇÃO ao programa Show do Milhão

Ana Lúcia enfrentou uma decisão difícil: deveria optar por responder à pergunta que valia um milhão ou parar e garantir os R$ 500 mil que já havia conquistado. Se escolhesse responder e errasse, receberia apenas R$ 300. Optando por não arriscar, ela decidiu não responder.

O que aconteceu a seguir foi ainda mais surpreendente. Após o game show, Ana Lúcia descobriu que a pergunta que poderia lhe render o prêmio máximo estava mal formulada, levando-a a processar o SBT. A pergunta era: “A Constituição reconhece direitos aos índios de quanto do território brasileiro?”. O problema era que a resposta considerada correta pelo programa tinha sido retirada da enciclopédia Barsa, e não da Constituição, como a pergunta sugeria.

Ana Lúcia entrou com uma ação judicial, e a Justiça, em primeira instância, concluiu que não havia uma alternativa correta para a questão apresentada. Os advogados dela solicitaram uma indenização de R$ 500 mil, que era o valor que faltava para que ela alcançasse R$ 1 milhão.

A empresa BF Utilidades Domésticas, parte do Grupo Silvio Santos e responsável pelos pagamentos aos participantes do programa, recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), argumentando que a condenação era injustificada. O argumento era que, como Ana Lúcia não havia respondido à pergunta do milhão, ela não teria sofrido danos que justificassem uma indenização desse valor.

O STJ, ao analisar o caso, aceitou parcialmente os argumentos da empresa e reduziu o valor da indenização de R$ 500 mil para R$ 125 mil. Assim, Ana Lúcia recebeu um total de R$ 625 mil, incluindo a indenização.Esse caso do "Show do Milhão" foi levado à justiça, sendo considerado emblemático por envolver a aplicação da teoria da perda de uma chance no direito civil brasileiro. A participante do programa alegou que não havia resposta correta para a questão formulada, o que lhe impediu de continuar na disputa e potencialmente conquistar o prêmio máximo. A teoria da perda de uma chance sustenta que, quando alguém é privado injustamente de uma oportunidade real e concreta de alcançar um benefício, pode ter direito a uma indenização proporcional ao valor dessa chance perdida. No julgamento, o tribunal (STJ) entendeu que a participante sofreu um prejuízo por não poder seguir no jogo, condenando a emissora ao pagamento de uma compensação financeira, que equivale a 125 mil reais (1/4 de 500 mil reais).