VW SP2, Jaguar XJ220, Ferrari Dino, BMW E30 | Salão dos Sonhos | Museu CARDE

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A organização do museu está disposta como uma linha do tempo, partindo do início do século passado. O nível de conservação dos veículos restaurados ou preservados conservação dá a impressão de que saíram há pouco de uma linha de produção.

Logo na entrada do edifício do museu, um ponto de táxi curioso com veículos históricos da década de 60. Alguns exemplares das versões de entrada da época, quando a indústria nacional recebeu alguns incentivos do governo para baratear seus veículos e o fez com alguns absurdos. Abaixo um exemplar do DKW Pracinha, que era derivado apenas da versão perua para economizar as portas traseiras da versão sedan.

Também está lá o VW Fusca “Pé de Boi” – que eliminou até os frisos laterais – e o Gordini “Teimoso” que eliminava luzes de posição e até uma das luzes de freio traseiras para ficar mais barato.

A proposta do Carde é reunir os temas carro, arte, design e educação. Os cerca de 100 veículos expostos são personagens que ajudam a contar a história do nosso país pela arte e design no mundo dos carros. Está lá o Fusca conversível usado pelo presidente JK na inauguração da fábrica da Volkswagen em São Paulo em 1959.

Ao lado das salas que representam a história em uma linha do tempo estão salas temáticas. São nove salas temáticas, como a que lembra dos “Visionários Brasileiros”. Com uma referência à Santos Dumont, com uma decoração mais ao alto que lembra seus dirigíveis e o primeiro avião – o 14Bis, a sala presta uma justa homenagem a João do Amaral Gurgel, o criador da Gurgel, empresa nacional que foi bem sucedida por mais de uma década no país.

Nesta sala estão dois Gurgéis históricos: o X12 e o E-400. O primeiro era o aventureiro de sua época e o segundo foi o primeiro carro elétrico nacional de uso comercial. Ambos veículos foram desenvolvidos na década de 1970 e cá estamos em 2024 onde os veículos “aventureiros” dominam o mercado e os elétricos despontam como uma alternativa limpa para as cidades. O acervo da Gurgel faz jus ao que se pode entender como “visionário”.

Mas há muito mais no Carde. Há o Aston Martin DB5 de 1965, modelo ícone do filme de James Bond “007 contra Goldfinger”. No museu está um dos 180 exemplares existentes em todo o planeta com o volante posicionado à esquerda (outros 879 foram fabricados com o volante à direita, para o mercado inglês). Há até um simulador para pilotar uma Ferrari Testarossa baseado no jogo Assetto Corsa, um simulador de computador que permite customização de modelos e pistas.

Na inauguração do museu, em 14/11, encontrei no Carde a atriz Stella Miranda – conhecida por vários papéis na TV, como a síndica Álvara na série “Toma lá, Da cá” e Dercy Gonçalves no filme “Hebe: A Estrela do Brasil”. Stella é sobrinha de Og Pozzoli e destacou o carinho com a coleção do tio e a alegria do destino da coleção. “A minha emoção é saber que a primeira coleção é a do Og, que o Luiz [Goshima, idealizador do museu] comprou e eu me sinto em casa”, contou.

A notícia é melhor ainda quando a administração do museu informa que os 100 veículos expostos representam apenas um quinto do acervo do museu. Significa que o museu fará exposições rotativas exclusivas, alterando vez ou outra a temática de alguns ambientes para acomodar novos carros. Seguindo essa proposta, aos que gostam de carros, história e design não restará outra alternativa senão programar viagens frequentes para a cidade que apresentam outras belas atrações turísticas.

O prédio do Carde tem seis mil metros quadrados e fica a 10 minutos do centro de Campos do Jordão. É vizinho do Palácio Boa Vista, a residência de inverno do Governador de São Paulo. O Carde abrirá ao público no dia 28 de novembro de 2024 com ingressos a partir de R$ 120.