Como uma praia no RJ está sendo engolida pelo mar |

Na praia da Atafona, tudo o que sobrou das casas, prédios públicos e ruas são apenas as ruínas. Cerca de quinhentos edifícios desse balneário, um distrito do município de São João da Barra, no norte do estado do Rio de Janeiro, já estão sob as ondas — sobrevivem apenas nas lembranças dos moradores mais antigos.

"Minha casa era aqui", diz Sônia Ferreira, uma aposentada que perdeu dois imóveis nas últimas décadas. "Eu não tinha vista do mar quando a casa foi construída. Tinha dois quarteirões, três quarteirões na minha frente, depois uma avenida asfaltada, um calçadão e, depois, um monte de areia até chegar à água. Essa era a minha realidade há 45 anos, quando a gente construiu a casa. Isso tudo foi indo, isso tudo foi acabando, e o mar foi chegando, foi chegando".

O processo de erosão da praia de Atafona, que fica na região do delta do rio Parnaíba do Sul, acontece naturalmente há milênios, mas foi intensificado pelas intervenções humanas, como a construção de barragens, diminuem a vazão do rio e a quantidade de sedimentos que ele carrega para o mar. Mas a receita para o desastre fica completa com a elevação do nível do mar devido ao aquecimento global: um relatório da ONU divulgado no ano passado colocou Atafona como uma das 31 localidades mais ameaçadas do mundo pela elevação dos oceanos. Entre 1990 e 2020, o mar subiu 13 centímetros por aqui, e pode subir mais 21 até 2050.

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