A problemática nacional

Pronunciado em 1974 no Sindicato de Docentes de Huamanga, este discurso de Abimael Guzmán (ainda como professor universitário e antes de ser conhecido como “Presidente Gonzalo”) é a exposição mais clara e didática que o futuro fundador do Sendero Luminoso fez da tese maoista aplicada ao Peru: o país é uma sociedade semifeudal e semicolonial, dominada sucessivamente por Espanha, Inglaterra e, desde os anos 20, pelo imperialismo norte-americano; persistem dois problemas históricos não resolvidos – a questão da terra (sobrevivência da servidão e do latifúndio) e a questão nacional (domínio imperialista). A revolução peruana, portanto, só pode ser democrático-nacional, antifeudal e anti-imperialista, sob direção exclusiva do proletariado organizado em seu Partido Comunista e com o campesinato como força principal. Guzmán introduz aqui pela primeira vez publicamente o conceito maoista de “capitalismo burocrático” como a forma específica que o imperialismo impõe aos países atrasados: um capitalismo que não destrói a semifeudalidade, mas a utiliza e a moderniza para acumular mais rapidamente; desenvolve três linhas (latifundiária no campo, monopolista na indústria e ideológica-antimarxista) e tem no regime militar de Velasco Alvarado (1968-1975) sua expressão mais avançada, que Guzmán qualifica como fascista e corporativista. O texto é a pedra angular teórica do que viria a ser a “guerra popular prolongada” do PCP-Sendero Luminoso e segue sendo, meio século depois, o documento fundador do maoismo peruano e um dos textos mais influentes (e polêmicos) da esquerda revolucionária latino-americana do século XX.

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00:56 - Caráter de nossa sociedade
07:37 - Caráter do Processo Revolucionário da Sociedade Peruana
14:24 - O Capitalismo Burocrático
14:44 - O que entendemos por Capitalismo Burocrático?
19:19 - Três linhas do Capitalismo Burocrático
25:13 - Condições em que surge o regime atual