(3) BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
"Apologia da História ou o Ofício do Historiador" é uma obra póstuma de Marc Bloch, um historiador francês proeminente, que teve sua vida e carreira interrompidas tragicamente durante a Segunda Guerra Mundial. Escrita como um legado para a posteridade, a obra reflete a profunda experiência e as visões de Bloch sobre o ofício do historiador, tendo ele mesmo enfrentado os horrores e desafios do conflito global.
O livro se inicia com a reflexão de Bloch sobre a importância da escolha do historiador, e sua própria trajetória é uma prova disso. Como judeu e oficial do Exército francês, Bloch se viu forçado a enfrentar o avanço das forças nazistas na França durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo diante da perseguição e risco iminente, ele optou por permanecer comprometido com sua vocação como historiador, entendendo que a preservação da história era essencial em tempos de conflito e opressão.
Ao discutir a história e os homens, Bloch trouxe à tona a importância de compreender o passado como uma interação complexa entre ações humanas e o contexto histórico. Sua própria experiência de enfrentar a barbárie da guerra e o Holocausto certamente influenciou sua perspectiva sobre como as ações individuais e coletivas moldam o curso dos eventos históricos.
Além disso, o conceito de tempo histórico, que Bloch discutiu extensivamente, ganha ainda mais profundidade quando consideramos o impacto que a guerra teve em sua vida pessoal e na história mundial. A experiência de testemunhar a devastação e a violência da guerra tornou a compreensão do tempo histórico ainda mais urgente para Bloch, que buscava entender as causas e consequências de eventos tão trágicos e marcantes.
No capítulo sobre a crítica, a abordagem de Bloch ganha uma dimensão especial, pois ele próprio viveu em um período de intensa desinformação, propaganda e mentiras. Como historiador, ele valorizava a busca pela verdade e pela autenticidade nas fontes históricas. Sua luta para encontrar a verdade histórica pode ter sido ainda mais intensificada pelas dificuldades enfrentadas em meio ao conflito, onde informações confiáveis eram escassas e a manipulação dos fatos era comum.
Em "A análise histórica", Bloch provavelmente se deparou com o desafio de compreender e interpretar a diversidade dos fatos humanos em meio aos eventos cruéis e sem sentido da guerra. Sua própria experiência pode tê-lo impulsionado a buscar uma compreensão mais profunda das motivações e crenças por trás das ações dos envolvidos no conflito, a fim de lançar luz sobre as complexidades do passado.
Em síntese, "Apologia da História ou o Ofício do Historiador" é um testemunho poderoso e significativo da vida e das convicções de Marc Bloch. A tragédia de sua morte durante a Segunda Guerra Mundial e sua dedicação ao ofício do historiador enriquecem ainda mais o conteúdo da obra, conferindo-lhe uma perspectiva única e tocante sobre a relevância da história e o compromisso com a verdade em tempos de crise e conflito. Sua obra continua a inspirar gerações de historiadores, que encontram em suas palavras uma chamada à responsabilidade e ao compromisso com a honestidade intelectual na busca pelo entendimento do passado.

No primeiro capítulo, "A história, os homens e o tempo", Bloch destaca a importância da escolha do historiador, pois sua perspectiva e bagagem pessoal podem influenciar a interpretação dos eventos históricos. Ele reconhece a natureza subjetiva da história e a inevitabilidade de um viés, mas ao mesmo tempo incentiva os historiadores a serem conscientes e críticos sobre suas próprias inclinações. Ao abordar a história como a interação complexa entre os homens e o tempo, Bloch revela como as ações humanas moldam e são moldadas pelo contexto histórico, desafiando a visão determinista da história.
O conceito de tempo histórico é central para a obra, destacando a diferença entre a mera cronologia e a compreensão profunda do tempo histórico. Bloch argumenta que o tempo histórico é uma construção complexa que requer uma abordagem multidimensional para apreender as mudanças e continuidades ao longo dos séculos. Ele critica o "ídolo das origens", alertando contra a busca simplista de eventos fundadores ou causas primordiais que negligenciam a complexidade do passado.
No capítulo II, "A observação histórica", Bloch aprofunda a necessidade de uma abordagem crítica e cuidadosa na coleta e análise das fontes históricas. Ele destaca a importância dos testemunhos como fontes essenciais para a história, mas também ressalta os desafios inerentes à interpretação e contextualização dessas fontes. Através de um rigoroso processo de exame,