Epopéia de Gilgamesh Parte VI - A Morte de Enkidu

O luto de Gilgamesh em música: perda, desespero e a dor que transforma o herói para sempre.

“Ekur… Enlil… Šamaš!”

O vento ficou pesado, Uruk silenciou,
O presságio dos deuses no céu ecoou.
O Touro tombado reacende a ira,
A punição divina já se aproxima.

Ishtar brada vingança em fúria sem véu,
E os deuses decidem, sentença do céu!
Não o rei, não o trono, não o homem cruel —
Mas Enkidu — o bravo irmão fiel.

O destino é sentença de fogo e dor,
O preço do Touro — a fúria do amor.

Enkidu! Enkidu! A morte chamou,
Enkidu! Enkidu! O céu decretou!
Enkidu! Enkidu! O herói sucumbiu,
Punição divina — o Touro caiu!

O corpo enfraquece, a febre devora,
O rugido do herói se perde lá fora.
Gilgamesh implora ao céu e ao chão,
Mas nenhum deus muda a decisão.

O amigo que um dia domou as feras,
Agora sangra sob as próprias mazelas.
O Touro dos Céus exige o tributo,
E o sopro divino sela o luto.

A sombra cresce, o mundo estremece,
O tempo sangra, a noite enrijece.
Enkidu chama o seu irmão:
“Não temas, Gilgamesh… firma tua mão.”

Do peito do rei explode o terror,
A morte do amigo destrói seu valor.
Os deuses observam — distantes, serenos —
O herói dos campos cair aos terrenos.

Enkidu! Enkidu! A morte chamou,
Enkidu! Enkidu! O céu decretou!
Enkidu! Enkidu! O herói sucumbiu,
Punição divina — o Touro caiu!

“Gušanna–du… Enkidu–lamma… Šamaš–utu!”

Uruk chora a queda do irmão,
E Gilgamesh jura — buscar salvação.


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